Pesquisadores da Embrapa denunciam desmonte da pesquisa pública no país


Reunidos em Aracaju (SE), no II Fórum Nacional Permanente em Defesa das Instituições Públicas de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário, pesquisadores e trabalhadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de todo o Brasil, divulgaram uma carta na qual denunciam o desmonte da pesquisa pública no Brasil e os riscos que a empresa corre nos dias de hoje.
O II Fórum foi realizado por seções sindicais de trabalhadores da Embrapa, com apoio do Movimento Pela Ciência e Tecnologia Pública, que reúne diversas entidades ligadas à pesquisa e ao ensino universitário no Brasil, entre elas a ADunicamp.
“A propalada crise do nosso país é utilizada para desmantelar o estado público brasileiro e colocá-lo, definitivamente, a serviço dos interesses das grandes corporações e do sistema financeiro especulativo, em detrimento dos setores populares e do povo em geral, aumentando a concentração da riqueza e recolocando o Brasil no mapa da fome”, diz o documento.
Leia, abaixo, a integra da carta:
Carta do Fórum de Aracaju
Em 17 de setembro de 2018, em Aracaju-SE, ocorreu o II Fórum Nacional em defesa das Instituições Públicas de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário – uma realização do Sinpaf – Seção Sindical Embrapa Aracaju, em parceria com o Movimento pela Ciência e Tecnologia Pública, a ADUnicamp e outras quinze Seções Sindicais do Sinpaf.
Este evento acontece a partir das deliberações do Fórum Nacional em Defesa da Embrapa Pública: da Embrapa que temos à Embrapa que queremos, realizado pela Seção Sindical Campinas e Jaguariúna do Sinpaf, em fevereiro deste ano, na ADUnicamp, Campinas-SP, sob a perspectiva de fortalecer a mobilização nacional em defesa das instituições públicas de pesquisa e desenvolvimento agropecuário como a Embrapa e a Codevasf.
Isso porque, continuamos vivendo em nosso país, tal como acontece em diferentes regiões do mundo, uma onda conservadora e neoliberal sem precedentes, com retrocessos democráticos e perda de direitos pelo conjunto da classe trabalhadora e pela sociedade, de maneira geral.
A propalada crise do nosso país é utilizada para desmantelar o estado público brasileiro e colocá-lo, definitivamente, a serviço dos interesses das grandes corporações e do sistema financeiro especulativo, em detrimento dos setores populares e do povo em geral, aumentado a concentração da riqueza e recolocando o Brasil no mapa da fome.
Esse cenário de desestruturação das empresas públicas já está impactando a Embrapa, a Codevasf e os institutos estaduais de pesquisa. Na Embrapa continua em curso a chamada reestruturação, numa lógica privatista e de perda de identidade dos Centros de Pesquisa, preparando a empresa para servir às transnacionais do sistema agroalimentar e em especial à indústria dos agrotóxicos. Para dar sustentação a esse projeto, o governo federal ilegítimo está em fase final de nomeação do novo presidente da Embrapa, num processo viciado, sem transparência, sem participação e totalmente antidemocrático, além de acontecer num momento político absolutamente inoportuno, tendo em vista as eleições presidenciais.
A partir dos debates e das discussões na plenária final do evento, foram aprovadas as seguintes deliberações:
Contribuir com a construção de um projeto popular de nação envolvendo, numa grande aliança, as(os) trabalhadoras(es), os sindicatos e as centrais sindicais combativas, os movimentos sociais do campo e da cidade, universidades, institutos e demais atores sociais comprometidos com a democracia e com a justiça social em nosso país.
Em virtude do momento político que estamos vivendo e do processo eleitoral em curso, defendemos, em todos os níveis, candidaturas comprometidas com a classe trabalhadora, com os setores populares e com a democracia.
Lutar pelo caráter público e pela democratização de nossas instituições, com transparência, controle social e participação popular na construção das agendas de pesquisa e desenvolvimento voltadas, prioritariamente, para contribuir com a diminuição das desigualdades sociais e regionais. Uma ciência cidadã!
Nesse processo, é fundamental ampliar o diálogo de saberes entre o conhecimento científico e outras formas de conhecimento válido oriundo dos povos tradicionais, comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, agricultoras(es) familiares e assentadas(os) da reforma agrária, dentre outros sujeitos sociais.
Defendemos outro modelo de desenvolvimento rural fundamentado numa reforma agrária popular, em sistemas agrícolas familiares biodiversos e integrados, que respeitem o ser humano e a natureza, na produção de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos, e na agroecologia, que promova a Segurança e a Soberania Alimentar e Nutricional.
Apoiamos a retomada do Programa de Revitalização da Bacia do rio São Francisco, com a participação das comunidades locais, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e das instituições como a Codevasf, a ANA, o Ibama, a Funasa, as Universidades Federais da região e o Comitê de Bacia do Rio São Francisco, num processo de integração permanente entre a população local e os governos federal, estadual e municipal.
Construir uma agenda com os movimentos sociais do campo e suas organizações para contribuir com o processo de desenvolvimento rural envolvendo três pilares: i.Terra e território; ii. Agroecologia; e iii. Beneficiamento e comercialização solidária.
Para dar continuidade a essa mobilização, sugerimos a realização de um novo Fórum a ser realizado em Brasília-DF no final do mês de novembro de 2018.
Fórum Nacional Permanente em Defesa das Instituições Públicas de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
 


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