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Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica – IE/UNICAMP, Nota do Cecon, n.5, maio de 2019
Pedro Paulo Zahluth Bastos
Arthur Welle
Gabriel Petrini*
*Os autores são respectivamente professor associado do IE-UNICAMP, doutorando e mestrando em Teoria Econômica no IE-Unicamp.
Resumo
• O risco de uma recessão em 2019 é evidente. A queda do PIB no primeiro trimestre exige uma recuperação muito significativa nos trimestres seguintes apenas para que a variação do PIB em 2019 seja zero. Como ocorre há muitos anos, de novo é pouco provável que a atual previsão do governo ou do mercado financeiro para o PIB se verifique.
• O motivo fundamental para a retração do PIB é a contração dos itens de demanda. O consumo das famílias continua desacelerando de trimestre a trimestre, sob o peso do elevado desemprego, a desaceleração do crédito e a elevação dos spreads bancários (a despeito da queda da taxa de inadimplência). • As exportações de bens e serviços tiveram forte recuo (-1,9%), refletindo a desaceleração mundial e regional. Muito significativa é a contração da Formação Bruta de Capital Fixo (-1,7%) a despeito do imenso crescimento da confiança empresarial com a eleição de Jair Bolsonaro. • Se o investimento fosse determinado pela confiança empresarial na política econômica e no governo, teria apresentado grande recuperação ao invés da queda significativa no primeiro trimestre do governo.
• A demanda interna foi prejudicada pelo reforço da austeridade fiscal em 2019. Embora a promessa de novos cortes estimule a confiança empresarial, seu impacto sobre a demanda agregada dificulta a redução dos altos níveis de capacidade ociosa e desemprego que limitam o investimento e o consumo privado.
• Como previmos na nota 2 do Cecon (julho de 2017), a economia que saiu da maior crise da história é menos dinâmica do que a que entrou nela, por causa do novo regime fiscal, do grande nível de capacidade ociosa deixado pela crise e do aumento da desigualdade e da incerteza na renda dos trabalhadores.
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