A proposta encaminhada pela diretoria da ADunicamp de homenagear o professor Mohamed Habib (IB), falecido em 26 de janeiro, dando o seu nome ao Prêmio Reconhecimento ADunicamp, foi aprovada por unanimidade pelo CR (Conselho de Representantes) da entidade, reunido de maneira virtual e presencial nesta quarta-feira, 23 de fevereiro. A sugestão para essa homenagem foi encaminhada pela Profa. Josiane Cerasoli do IFCH/Unicamp.
A partir de agora, a condecoração, cuja primeira premiação será entregue em cerimônia a ser realizada no próximo 15 de março, passa a se chamar “Prêmio Reconhecimento ADunicamp Prof. Mohamed Habib”.
“O professor Mohamed viveu uma história longa e importante na Universidade e no Brasil. Foi um professor que se dedicou muito a várias causas importantes e sempre foi muito respeitado. Essa é uma homenagem que poderíamos fazer a ele, por todos os espaços que ele ocupou em nossa Universidade e por tudo que fez pelas causas em que atuou”, afirmou a presidente da ADunicamp, professora Sílvia Gatti (IB), ao defender a proposta de concessão da homenagem.
O professor Mohamed, lembrou a diretoria da ADunicamp ao noticiar seu falecimento, dedicou sua vida ao ensino, à pesquisa e à defesa permanente das causas ecológicas e humanitárias, foi amplamente premiado no Brasil e no exterior por seus trabalhos e atuou na Unicamp desde 1972, quando chegou do Egito, seu país de origem.
O PRÊMIO
A proposta de lançamento do Prêmio Reconhecimento ADunicamp foi aprovada em 20 de outubro pelo CR, também por unanimidade, com o objetivo de contemplar trabalhos e ações coletivas e individuais de integrantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica da Unicamp. “E que tenham contribuído para o fortalecimento de boas práticas políticas, sociais e civis na sociedade”, apontou a Diretoria da Unicamp ao apresentar a proposta de criação do prêmio.
A professora Sílvia informou, durante a reunião, que foram apresentados 16 projetos para concorrer às premiações.
O edital definiu cinco categorias a serem contempladas: defesa da vida, da saúde física e mental; democracia e direitos humanos; educação, justiça social e justiça ambiental; ciência, tecnologia e direitos políticos e, por fim, arte e engajamento social e político. Também será concedida uma menção honrosa.
Os projetos já foram analisados pela comissão designada pelo CR e os vencedores serão anunciados no próximo 1° de março.
MOÇÕES
O CR aprovou também, na reunião desta quarta-feira, moções sobre temas da atualidade apresentada por conselheiros/as:
MOÇÃO 1: DEFESA DA VACINAÇÃO INFANTIL
Gael Clímaco era um menino de 7 anos filho de Humberto Clímaco, ex-aluno do IMECC e hoje professor na Universidade Federal de Goiás. Gael, com sintomas de Covid a partir do dia 07/01, foi internado em UTI em 11/01 e dois dias depois morreu sem ter a oportunidade de ser vacinado como sua família pretendia. Pelo calendário de vacinação de Goiânia, a cidade onde Gael morava, ele poderia ter sido vacinado a partir do dia 17, tarde demais (ver no jornal Estado de São Paulo de 04/02, página A 23).
Gael foi vítima da Covid e do atraso criminoso na vacinação de menores promovido pelas atitudes protelatórias do ministro Queiroga (que ainda ostenta o título de médico!!), em consonância com orientações de Bolsonaro.
O Conselho de Representantes manifesta sua solidariedade à família de Gael, compartilhando sua dor. Além disso, pronuncia-se a favor de que o ministro Queiroga seja proibido de exercer a medicina para sempre. Muitos menores podem estar passando pelas mesmas dificuldades que tiraram a vida de Gael.
Por outro lado, a imprensa noticia muitos casos em que pessoas se negam a receber a vacina e que também negam a seus filhos o direito a recebê-la. A educação é o meio mais eficaz de combater a ignorância, mas somente produz resultados a longo prazo. Portanto, neste momento de aceleração da pandemia e de colapso do sistema de saúde, torna-se imprescindível a adoção imediata da vacinação obrigatória. Mesmo sendo baixo o percentual de casos graves ou mortos entre os contaminados, a variante ômicron mata e matará muitas pessoas dado que o número de contaminados é enorme. Além disso existe uma sub variante (BA.2) muito mais contagiosa que se tornou preponderante na Dinamarca e que já chegou no Brasil.
VACINAÇÃO OBRIGATÓRIA CONTRA A COVID JÁ
ORIENTAÇÃO À POPULAÇÃO PARA IMPORTÂNCIA E URGÊNCIA DA VACINAÇÃO DAS CRIANÇAS
PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DA MEDICINA AO “DOUTOR” QUEIROGA
FORA QUEIROGA, FORA BOLSONARO
MOÇÃO 2: CONTRA A FACILITAÇÃO PARA AGROTÓXICOS
O Conselho de Representantes repudia veementemente o “pacote agrícola” que foi aprovado em regime de urgência na câmara dos deputados, que beneficia diretamente à “bancada do boi” e que foi apoiado pelas bancadas “evangélica” e a da “bala” com o argumento de “modernizar a legislação”. Denunciamos aqui a atitude do presidente da câmara, Arthur Lira, que foi decisivo ao encurtar os caminhos para facilitar a aprovação. Até o momento o registro de agrotóxicos é atribuição da ANVISA, do IBAMA e do Ministério da Agricultura, já o pacote transfere o registro para o Ministério da Agricultura. Também o pacote facilita o registro de produtos danosos à saúde humana e à biodiversidade e pretende trocar o termo agrotóxico por pesticida.
A última palavra está com o Senado, pois o projeto será reconsiderado na casa.
AGRONEGÓCIO NÃO É POP, AGRONEGÓCIO É VENENO, AGRONEGÓCIO É CÂNCER
MOÇÃO 3: CONTRA HOMENAGEM A OLAVO DE CARVALHO
Por meio desta Moção, aprovada pelo Conselho de Representantes da Associação de Docentes da Unicamp (ADunicamp), os docentes reunidos no dia 23 de fevereiro de 2022 solicitam, respeitosamente, que o Exmo. Senhor Prefeito de Campinas não concretize uma proposta a ele encaminhada que visa à construção e instalação na cidade de um busto em homenagem ao sr. Olavo Luiz Pimentel de Carvalho.
Consideramos injustificável e descabida a aludida proposta de homenagem, pois uma análise criteriosa da trajetória jornalística do sr. Olavo de Carvalho demonstra que o ensaísta não reúne nenhuma qualificação científica, cultural, política ou moral para ser honrado pela população de Campinas.
Ideólogo da extrema direita brasileira, sempre defendeu veementemente a ditadura militar e, incondicionalmente, apoiou a política de terror que – notadamente, a partir do AI 5 – se manifestou por prisões arbitrárias, desaparecimentos e assassinatos, assim como pelo sistemático exercício da tortura contra brasileiros e brasileiras que lutavam pela redemocratização do país.
Lembre-se que, nos anos recentes, o blogueiro foi um destacado porta-voz de setores da direita radicalizada que – nas ruas e nas redes sociais – continua defendendo a volta dos militares ao poder, um novo AI 5, o fechamento do STF e do STE, a censura aos meios de comunicação, o fechamento de partidos políticos de oposição e a sistemática repressão a toda forma de pensamento crítico e democrático.
Destituídos de qualquer consistência científica e filosófica, os escritos do astrólogo-ensaísta e autoproclamado filósofo buscam desqualificar decisivos sistemas filosóficos, desde o pensamento clássico à atualidade, e desdenham as descobertas e contribuições científicas de Newton, Giordano Bruno, Galileu e outros.
Recentemente, em janeiro de 2019, publicou um vídeo em que, de forma canhestra e caricatural, tenta “refutar” a teoria da relatividade e o heliocentrismo. Em várias ocasiões, afirmou também não ter conseguido encontrar nada que refute o terraplanismo. Nos meios acadêmicos e culturais sérios e responsáveis, é consensual que o conjunto de escritos assinados pelo sr. Olavo de Carvalho mais se aproxima do obscurantismo, da bizarrice, do ressentimento e da irrelevância cultural e científica.
Examinemos, por exemplo, como o astrólogo-ensaísta trata a grave e dramática situação de saúde que afeta todo o planeta.
Diante do avanço da crise sanitária representada pela Covid-19, os escritos e falas desse panfletário sempre negaram a sua dramaticidade e jamais se comoveram com as milhões de mortes em todo o mundo – seja no conjunto do país, seja na cidade de Campinas. Como um dos expoentes do negacionismo científico e um crítico radical da vacinação contra a Covid-19, afirmou em 23/4/2020: “essa campanha para nos proteger da pandemia é o mais vasto e mais sórdido crime já cometido contra a espécie humana inteira”. Ou ainda: “O medo de um suposto vírus mortífero não passa de historinha de terror para acovardar a população e fazê-la aceitar a escravidão como um presente de Papai Noel”. Outras tantas afirmações ignominiosas como essas foram por ele escritas e difundidas em suas lives, entrevistas, e por blogs de direita que ainda o apoiam, incondicionalmente.
Impõe-se, pois, a indagação, Exmo. Senhor Prefeito: é aceitável e responsável que a cidade de Campinas renda algum tipo de homenagem a quem, de forma sistemática e fanatizada, repudia os valores democráticos e nega a contribuições da ciência e da tecnologia que, socialmente aplicadas por governos democráticos, podem beneficiar a saúde e salvar a vida de milhões de homens e mulheres?
Por último, entendemos que a notoriedade nacional alcançada pelo cidadão campineiro Olavo de Carvalho não deve ser justificativa para ser ele homenageado pela Prefeitura desta cidade, cuja população preza as liberdades democráticas e deseja uma sociedade mais justa, mais tolerante e mais solidária.
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