Em resposta à reportagem da ADunicamp intitulada “Em plena pandemia, Funcamp reduz jornada de trabalho e salários de profissionais da saúde no Hospital das Clínicas”, divulgada nos canais de comunicação da Associação e reproduzida por site jornalístico sediado em Campinas, a Funcamp enviou à entidade uma carta, datada de 9 de junho, apontando supostas “inverdades” divulgadas na matéria.
A publicação da ADunicamp, chamada de “carta” pela Funcamp, é, na verdade, uma reportagem produzida pelo Departamento de Comunicação da Associação, com base em depoimentos de docentes e profissionais de saúde que atuam na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O foco da reportagem é a redução de 25% nos salários e na jornada de trabalho de profissionais de saúde que atuam na FCM, contratados pela Funcamp, em regime de CLT.
A ADunicamp assegura a inexistência de inverdades quanto aos eventos narrados em sua reportagem e reafirma a importância de que as informações nela publicadas devem ser de amplo conhecimento da comunidade universitária.
OS FATOS
A carta da Funcamp fixa-se em quatro pontos. Vamos a eles:
– No primeiro ponto, a carta faz um relato das funções da Funcamp e do seu papel na contratação de profissionais e serviços solicitados pelas Unidades da Unicamp – informações de amplo conhecimento da comunidade universitária. Cumpre observar que a reportagem da ADunicamp nada fala sobre as funções da Funcamp ou contradiz as informações fornecidas acima.
Por ser a executora dos contratos relatados na reportagem e por ter sido a signatária do comunicado recebido pelos profissionais atingidos pelos cortes, a Funcamp teria que ser mencionada na reportagem. A ADunicamp teve acesso a esse documento e não o publicou para evitar expor profissionais atingidos pela medida.
Ainda no primeiro ponto da carta, a Funcamp, informa que os cortes foram feitos a partir de MP (Medida Provisória) aprovada pelo Congresso Nacional, no contexto da pandemia. A reportagem da ADunicamp não desconhece essa informação e a deixa a claro, inclusive com a reprodução de parte do comunicado da Funcamp enviado aos profissionais.
Estranhamos, pois, nesse primeiro ponto da carta da Funcamp, a alegação de existência de supostas “inverdades” na reportagem da ADunicamp.
– No segundo ponto da carta dirigida à ADunicamp, a Funcamp esclarece que a Fundação figura apenas como “interveniente nos convênios da Unicamp” e que fica “a cargo dos executores” a responsabilidade pelas “decisões quanto às contratações e rescisões contratuais”. Nada apresenta em termos de informações nesse ponto que implique objeções à reportagem.
– O terceiro ponto afirma apenas que as reduções de jornada na FCM e Hemocentro foram “decididas e demandadas pelos respectivos executores dos convênios” e que coube à Funcamp apenas “operacionalizar tais medidas”. Cumpre observar, quanto a esse ponto, que em nenhum momento a reportagem afirma o contrário. Mais do que isso: a reportagem explica claramente que procurou a direção da FCM e não a Funcamp para esclarecimentos sobre os cortes. Essa demanda, bem como a promessa de respostas que não se confirmaram por parte da FCM, está documentada em e.mails trocados por assessores de Comunicação da ADunicamp e da FCM.
– Por fim, no quarto ponto, a carta da Funcamp comete uma inverdade ao afirmar que a reportagem da Adunicamp, chamada agora de “nota”, relatou algo que não teria existido, isto é, os cortes no HC.
Uma leitura mais atenta da reportagem da ADunicamp notará que em nenhum momento ela fala de cortes no HC, mas simplesmente explica que os cortes na FCM afetaram o atendimento no hospital. A reportagem deixa claro que os profissionais submetidos aos cortes atuam na área de ensino da FCM, mas que com o isolamento social decretado na Unicamp passaram a atuar “na linha de frente do atendimento aos pacientes no HC”. Depoimentos de docentes à reportagem confirmam que, em decorrência dos cortes, o atendimento de fato foi afetado no HC.
Ao divulgar a carta na qual a Funcamp reage à reportagem da ADunicamp, a Associação procura não apenas esclarecer eventuais questionamentos postos pela Fundação como reafirmar – trazendo os fatos à tona – uma posição de defesa das condições de trabalho, da Saúde e do Ensino no contexto universitário.
A Diretoria da ADunicamp
19 de junho de 2020
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