NÃO QUEREMOS “GENEROSIDADE”, QUEREMOS NOSSOS DIREITOS!!


Pela imediata abertura de negociações efetivas! Pelos 20% de recuperação das perdas salarias! Pela valorização dos níveis iniciais das carreiras! Por um retorno seguro às atividades de aulas presenciais.

Em assembleia realizada no último dia 09 de fevereiro, docentes da Unicamp aprovaram o indicativo do Fórum das Seis para não iniciar o primeiro semestre do ano letivo de 2022, caso o CRUESP continue se negando a negociar a proposta de reajuste encaminhada pelo coletivo no ano passado. Foi deliberado, também, a realização de uma nova assembleia antes do início das aulas (marcado para 14 de março) e após a avaliação do Fórum das Seis, referente às deliberações das demais entidades que compõem o Fórum.

A presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti, iniciou a discussão da pauta da assembleia reafirmando o compromisso e disposição do Fórum das Seis em “sentar” à mesa de negociação para discutir propostas efetivas.

Docentes da Unicamp em Assembleia híbrida. Indicativos do Fórum das Seis foram aprovados

“Nossa pauta é clara: queremos 20% de reajuste mais um plano de recuperação das perdas, mas o reitor não tem proposta, disse que devemos aguardar porque acredita que o reajuste será bastante considerável. Queremos mais que generosidade, queremos nossos direitos”, defendeu a presidenta sendo apoiada pelos mais de 100 docentes que participaram da assembleia de modo presencial e on-line.

A pauta de reivindicações é referente à data-base 2021, que foi modificada em novembro/2021 e apresentada ao CRUESP, com a proposta de 20% de aumento dos salários para janeiro/2022. “Estamos em fevereiro e continuamos sem resposta do CRUESP, apesar de termos solicitado, na última reunião com a equipe técnica, a realização de uma nova reunião assim que o Reitor da USP e atual presidente do CRUESP, tomasse posse. Em minha visão, nós estamos sendo desrespeitados desde a apresentação da nossa data-base (2021)”, afirmou a professora Silvia Gatti.

É preciso lembrar da atitude do Fórum das Seis, quando decidiu suspender as negociações da data-base no ano de 2020, em respeito à situação nacional com relação à pandemia de COVID-19, daquele momento crítico. “Nós fomos sensíveis e sensatos à situação. Eu não vi muito isso por parte do CRUESP. Sensibilidade zero!”, analisa a presidenta da ADunicamp.

A intransigência do CRUESP e a negativa em torno da retomada das negociações foi baseada em diversas desculpas, como a Lei 173. Agora surgem novos motivos, como os proferidos pelo reitor Tom Zé na reunião do CEPE (ver neste link), na qual ele condiciona a falta de negociação à mudança de reitoria da USP e da presidência do CRUESP, à necessidade de aprovação pelos Conselhos Universitários da Unicamp e USP e outras desculpas.

“A realidade é que não há nenhuma proposta sólida, que nos faça até mesmo acreditar nos nossos gestores das universidades. Eles não conversam com a gente (Fórum das Seis) e deveriam conversar mais entre si, além de respeitar as três categorias que estão envolvidas neste processo”, finalizou a professora Silvia Gatti.

Além da aprovação dos indicativos do Fórum das Seis e da realização de uma assembleia antes do início das aulas, foi aprovada a proposta do envio de um documento ao Reitor da Unicamp, Professor Tom Zé, solicitando empenho dele junto ao CRUESP pela “imediata negociação com o Fórum das Seis”. Todos/as docentes presentes à assembleia serão consultados/as sobre a inclusão de suas assinaturas individuais ao documento.

A (FALTA DE) NEGOCIAÇÃO ATÉ AQUI E OS NÚMEROS

O vice-presidente da ADunicamp e Coordenador do Fórum das Seis, Paulo Cesar Centoducatte, reforçou, em sua fala durante a assembleia, a necessidade da imediata abertura de negociações efetivas por parte do CRUESP, trazendo um histórico das negociações, ressaltando ainda mais a falta de respeito dos reitores com os/as servidores das três Universidades Estaduais Paulistas.

A pauta da data-base de 2021 foi protocolada em 06 de abril, com a proposta de 8% de reajuste em maio de 2021, mais um plano de recuperação de perdas, considerando o período de maio 2012 a maio de 2021. “O período indicado foi amplamente discutido em assembleias e passou a ser usado como ponto de referência. Naquela época (maio de 2021) precisaríamos de 29,83% de reajuste para que recuperássemos todas as nossas perdas salariais”, relatou Centoducatte.

O Coordenador do Fórum relembrou que, além das questões salariais, a pauta do Fórum da Seis propunha valorização dos níveis iniciais das carreiras e, também, uma discussão acerca de como as Universidade estavam tratando as questões relacionadas à pandemia de COVID-19. Porém, o CRUESP, de forma desrespeitosa, demorou mais de dois meses (considerando a data de protocolo da pauta) para agendar a reunião de negociação.

“Os reitores só agendaram a primeira reunião de discussão da data-base, que é 1º maio, em 10 de junho, quando se colocaram intransigentes na discussão e não negociaram de fato. O único ponto positivo foi que, nessa reunião, o Fórum das Seis conseguiu que o CRUESP aceitasse a formação de um grupo de trabalho (GT) para discutir reajuste, o plano de recuperação e a valorização dos níveis iniciais das careiras”.

Vale lembrar que o GT até se reuniu, mas “os representantes do CRUESP iniciaram o encontro dizendo literalmente não saber o que estavam fazendo na reunião, ou seja, ficou claro que o CRUESP não analisou as reivindicações do Fórum e não formularam nenhuma proposta para ser analisada naquele momento”, disse Paulo Centoducatte, apontando novamente o descaso por parte do Conselho de Reitores para com os/as servidores das Universidades.

No dia 15 de julho ocorreu a segunda reunião de negociação, na qual o CRUESP voltou a propor a realização de novas reuniões do GT, a fim de constituir uma proposta em comum acordo para ser implementada a partir de 2022. Mas, após essa reunião de 15 de julho, o CRUESP se manteve em silêncio, e passou a ignorar toda e qualquer manifestação do Fórum das Seis.

“Durante todo o segundo semestre de 2021 o CRUESP não marcou nenhuma reunião do GT e não agendou nenhum encontro com o Fórum.  O Conselho não respondeu os diversos ofícios encaminhados pelo Fórum, inclusive aqueles que solicitavam dados básicos das Universidades, mostrando todo o desrespeito com a comunidade universitária e com os resultados de todas as assembleias de todas as categorias de servidores”, disse Paulo Centoducatte, que após esse histórico da condução das negociações, apresentou os números atuais da pauta do Fórum das Seis, atualizada em novembro de 2021.

“Com este cenário de intransigência e com crescimentos significativos da inflação (77,46% de maio/2012 a dezembro/2021) e da arrecadação do ICMS (mais de 80% no período de maio/2012 a dezembro/2021) o Fórum das Seis atualizou a pauta de reivindicações e fez uma nova proposta, que constituía em 20% de reajuste em janeiro de 2022, discussões referentes ao plano de recuperação salarial (de maio/2012 a dezembro/2021) e a valorização dos níveis iniciais da carreira, além de discutir a questão do retorno das atividades presenciais nas Universidades”. O CRUESP agendou nova reunião para o dia 22 de dezembro de 2021 e, novamente, abusando da intransigência e do desrespeito, não quis negociar.

Os números falam por si, e o professor Paulo Centoducatte deixou essa questão bem clara em sua fala na assembleia. “Só para se ter uma ideia, o Fórum das Seis atualizou as perdas salariais não mais usando a referência da inflação até de maio de 2021, mas considerando a inflação até dezembro de 2021, ou seja, os 29,83% de reajuste necessários para recuperar o poder aquisitivo de maio de 2012 passou a ser 39,81%, uma vez que só a inflação acumulada nos 12 meses de 2021 ultrapassou a barreira dos 10%. Se considerarmos a inflação desse mês de janeiro/2022, que pelo índice INPC-IBGE atingiu 0,67% (FIPE 0,74%), já estamos com uma perda acumulada em mais de 40,7%”.

Por fim, Centoducatte ressaltou que o comprometimento orçamentário das três Universidades Estaduais Paulistas com folha de pagamento segue nos níveis mais baixos desde a promulgação da autonomia. “Em janeiro de 2022, o comprometimento das Universidades ficou em 66,48%, e o da Unicamp em 66, 27%. Lembrando que em janeiro de 2021, as três Universidades fecharam o mês com um comprometimento médio de 74, 24%, e a Unicamp fechou com 77,09%. Isso mostra que, com a previsão da arrecadação desse ano, o comprometimento do orçamento das Universidades com a folha de pagamento continuará caindo e isso permite, não só o nosso reajuste de 20% retroativo a janeiro, mas também a discussão e o aprovação de plano para recuperação do resto das nossas perdas, que se ficar somente para maio de 2022, certamente totalizarão mais de 45%”.

MOÇÕES APROVADAS

A assembleia discutiu e aprovou duas moções nesta sessão do dia 09 de fevereiro. No contexto da data-base, os/as docentes aprovaram uma Moção de Repúdio ao “silêncio e à inércia desrespeitosa da atual reitoria diante das reivindicações da campanha salarial de 2021”, que será encaminhada ao Conselho Universitário da Unicamp (CONSU). Confira o texto:

Os docentes da Unicamp, reunidos em assembleia aos 9 de fevereiro de 2022, vêm manifestar seu repúdio ao silêncio e à inércia desrespeitosa da atual reitoria diante das reivindicações da campanha salarial de 2021. É inaceitável que uma reitoria, eleita sob a bandeira do progressismo e comprometida com reivindicações trabalhistas, ora as ignore e, alinhada ao CRUESP, não envide esforços efetivos por um diálogo real com as entidades representativas dos trabalhadores.

No âmbito da atual campanha salarial, instamos, portanto, o Sr. Reitor a cumprir seus compromissos programáticos, entre os quais se incluem a defesa das condições de trabalho dos servidores desta Universidade.

MOÇÃO 2 – ANISTIA INTERNACIONAL

A segunda Moção foi em Apoio ao Relatório da Anistia Internacional, referente ao apartheid imposto ao povo palestino. O documento será enviado à ANISTIA INTERNACIONAL BRASIL. Confira abaixo:

Diante do agravamento da situação do povo palestino na Faixa de Gaza, os docentes da Unicamp reunidos em Assembleia da ADunicamp, de 9/2/2022, se manifestam em apoio às Conclusões e Recomendações do circunstanciado e consistente Relatório da Anistia Internacional, divulgado em 1 de fevereiro de 2022. (abaixo)

Unicamp, 9 de fevereiro de 2022.

RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES DO RELATÓRIO DA ANISTIA INTERNACIONAL

Desde su creación en 1948, Israel persigue una política de establecer y mantener una hegemonía demográfica judía y maximizar su control sobre la tierra en benefício de la población israelí judía al tiempo que restringe los derechos de la población palestina e impide que las personas refugiadas palestinas regresen a sus hogares.

En 1967, Israel amplió esta política a Cisjordania y la Franja de Gaza, que ocupa desde entonces. Amnistía Internacional ha analizado el propósito de Israel de crear y mantener un sistema de opresión y dominación sobre la población palestina y ha examinado sus componentes clave: fragmentación territorial, segregación y control, desposesión de tierras y propiedades, y negación de derechos económicos y sociales.

La organización ha llegado a la conclusión de que este sistema constituye apartheid. También ha documentado actos ilegales cometidos por Israel contra la población palestina con la intención de mantener este sistema, como traslados forzosos, detenciones administrativas y torturas, homicidios ilegítimos, la negación de libertades básicas y la persecución. Amnistía Internacional llega a la conclusión de que dichos actos forman parte de un ataque sistemático y generalizado contra la población palestina y constituyen el crimen de lesa humanidad de apartheid.

 Israel debe desmantelar este cruel sistema y la comunidad internacional debe presionarle para que lo haga. Quienes posean jurisdicción sobre los delitos cometidos para mantener este sistema deben investigarlos.

1 de febrero

(Além da versão do Relatório da AI em espanhol, traduções em árabe, inglês, francês e hebreu estão disponibilizadas.) 

HOMENAGEM AO PROFESSOR MOHAMED HABIB

A abertura da assembleia foi marcada por um momento emocionante com homenagem ao professor Mohamed Habib (IB/Unicamp), Diretor da ADunicamp, falecido no último dia 26 de janeiro.

“Sempre aprendi muito com ele no aspecto da escuta humanizada, da afetividade, da bondade, da capacidade de ouvir e trazer boas propostas que nos fazia pensar e reavaliar as decisões. Peço que cada docente aqui presente olhe para sua história de vida e reconheça o papel que o professor Mohamed teve”, disse a professora Silvia Gatti, que, com a voz embargada pela emoção, agradeceu ao professor Mohamed por toda sua história de vida.

“O que podemos fazer é agradecer ao professor Mohamed por tudo que ele fez, pelo seu legado, por sua insistência em viver. Um grande homem, todos que o conheceram devem se sentir felizes pelo tempo de contato com ele. Ele foi um exemplo de trabalho até o fim. Fica em paz professor Mohamed”.

Os participantes fizeram, a pedido da professora Silvia Gatti, um minuto de silêncio seguido de palmas para homenagear o professor e grande humanista.


1 Comentários

caio navarro de toledo

A Direção da ADunicamp prestou uma oportuna e comovente homenagem ao competente acadêmico e intelectual militante MOHAMED HABIB. Acredito que a aprovação da Moção de repúdio ao apartheid imposto ao povo palestino pelo Estado de Israel, ao final da Assembleia, foi um feliz complemento à homenagem que prestamos ao prof. Mohamed. caio n. de toledo, ex-membro da comissão verdade e memória da unicamp

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