Porque defendemos a saída do ANDES-SN da CSP-CONLUTAS


Campinas, 26/01/2023.

A(o)s associada(o)s da Associação dos Docentes da Unicamp (ADunicamp),

Entre os dias 6 e a 10 de fevereiro terá lugar em Rio Branco (AC) o 41º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), do qual a ADunicamp faz parte enquanto seção sindical. Entre os temas a serem debatidos está o da saída ou permanência do ANDES-SN na Central Sindical e Popular Coordenação Nacional de Lutas (CSP-CONLUTAS), à qual o ANDES-SN é vinculado desde 2006. No 14º CONAD, instância representativa das seções sindicais do ANDES-SN, realizado em Brasília de 13 a 15 de novembro de 2022, foi indicada a saída da CSP-CONLUTAS, decisão a ser referendada pelo Congresso da entidade.

Reiteramos que a ADunicamp considera que a(o)s delegado(a)s dos congressos do ANDES-SN devem representar a diversidade das posições políticas contempladas em nossa seção sindical, sendo, portanto, livres para tomar posições distintas. Este entendimento inclusive foi debatido na última assembleia da entidade, em 15 de dezembro de 2022, O(a)s delegados devem oportunamente prestar contas a(o)s associada(o)s das posições assumidas no congresso.

Desta forma, nós, que fomos eleitos delegada(o)s, subscrevemos esta carta para expressar ao conjunto da(o)s associados nossa posição em relação à continuidade ou não da filiação do ANDES-SN a CSP-CONLUTAS, a ser deliberado no encontro em Rio Branco.

A motivação principal que nos leva a assumir essa posição é o sectarismo político que tem caracterizado a intervenção sindical da CSP-CONLUTAS nos últimos anos. A central priorizou agir de acordo com as posições políticas da corrente partidária hegemônica em seu interior, isolando-se das lutas democráticas e populares travadas no último período. Como resultado, o ANDES-SN, enquanto um dos principais sindicatos que integram a referida central, permaneceu igualmente isolado, não apenas no conjunto de forças políticas e sociais que compõe o campo democrático no Brasil, mas também no contexto do movimento da defesa da educação e da ciência e tecnologia públicas. Não puderam ser aproveitadas oportunidades de compor alianças que potencializassem o alcance de suas pautas e lutas específicas, abstendo-se de intervir nas lutas políticas de escopo mais amplo.

Outra argumentação que nos é muito sensível é a pouca transparência da CSP-CONLUTAS na prestação de contas. A ADunicamp solicitou formalmente à CSP-CONLUTAS e ao ANDES-SN a prestação de contas detalhada da Central e até o momento não obtivemos uma resposta adequada, mesmo após a exposição pública e enfática dessa questão no evento de novembro em Brasília. Essa omissão de dados compromete a transparência nas relações de representação sindical.

O ANDES-SN representa dezenas de milhares de docentes do ensino superior público em todo o país. É incompatível com a sua dimensão política estar isolado das demais entidades e movimentos, tanto do âmbito educacional, como do campo democrático e progressista. Especialmente se esse isolamento ocorre em função do sectarismo de uma corrente político-partidária francamente minoritária.

Assim sendo, desfiliar-se da CSP-CONLUTAS é um imperativo para a continuidade das lutas do ANDES-SN e para recuperação de sua capacidade mais ampla de intervenção. Vivemos um momento crítico da história nacional, em que a correlação de forças na sociedade se transforma de maneira acelerada, permitindo tanto possibilidades de reconstrução democrática, como riscos de retrocessos autoritários.

Assinam este documento,

André Kaysel Velasco e Cruz
Diama Bhadra Andrade Peixoto do Vale
Edson Joaquim dos Santos
Emília Wanda Rutkwoski
Maria José Maluf de Mesquita
Maria Silvia Viccari Gatti
Regina Célia da Silva
Wagner de Melo Romão


2 Comentários

ADunicamp

[…] intitulado “porque defendemos a saída do ANDES-SN da CSP-Conlutas”, que pode ser lido aqui, foi assinado por toda a delegação da ADunicamp: professoras Silvia Gatti (IB/Unicamp), Maria […]

Francisco Foot Hardman

Prezadas/os Companheiras/os Delegadas/os ao Congresso da ANDES:

Só posso agradecer-lhes muito pelo documento lúcido que aqui compartilham.

Como antigo militante do movimento nacional docente e delegado fundador da ANDES em 1982, em Campinas (representando, naquele momento a ADUFPB-J. Pessoa), só posso me solidarizar com esta posição e decisão aqui externadas.

A CONLUTAS, em resumo, se tornou um atraso do movimento e um "atraso de vida". Sectarismo, aparelhismo e outros tantos desvios não são compatíveis com a ideia e prática que nos levaram à construção da ANDES como verdadeiro sindicato de massas, livre e democrático, em plenos anos da ditadura militar.

Que esse gesto tão significativo abra de fato um novo processo de revitalização de nossa vida sindical.

Boa sorte, bom Congresso, A Luta Continua!

Francisco Foot Hardman

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