Crise humanitária da população civil em Gaza exige um cessar-fogo imediato


Os ataques do exército de Israel à população palestina na Faixa de Gaza e os conflitos na Cisjordânia já provocaram, segundo palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, a destruição do território e a “morte de civis numa escala sem precedentes”.

Cerca de 30 mil palestinos já morreram na Faixa de Gaza, dos quais mais de 12 mil são crianças, e quase nove mil estão sob escombros. A população ferida já soma 70 mil pessoas, entre elas milhares de crianças. Na Cisjordânia, 406 palestinos mortos, dos quais 108 crianças, e cerca de cinco mil feridos. A desproporcionalidade dos números revela a diferença abissal das forças em combate: do lado israelense os mortos estão em torno de 1.400 e os feridos de três mil.

Mas a extensão da crise humanitária em curso é muito maior. Com Gaza quase totalmente destruída, incluindo aí hospitais devastados, quase toda a população de pouco mais de dois milhões de habitantes já foi desalojada. São 1,4 milhão de pessoas deslocadas para a região de Rafah, ao sul da Faixa, e que agora também está sob ameaça de bombardeios.

Os comboios humanitários de suprimentos para a população palestina têm sido sistematicamente retidos e até bombardeados pelo exército israelense. O Programa Mundial de Alimentos da ONU informou em várias ocasiões a existência de alimentos retidos nas fronteiras em quantidade suficiente para alimentar quase toda a população deslocada. A desnutrição já provoca a morte de um número ainda não contabilizado de pessoas, principalmente crianças e idosos.

Boletins do Ministério da Saúde de Gaza informam repetidas ocorrências de cirurgias sem anestesia em feridos, inclusive a amputação de membros de crianças que não puderam ser anestesiadas por falta de suprimentos médicos, muitas vezes também retidos nas fronteiras.

A organização humanitária Médicos sem Fronteiras, que atua em todo o mundo, tem sido sistematicamente impedida de entrar na Faixa de Gaza para dar apoio a feridos.

 ATAQUE ÀS ESCOLAS E ÀS UNIVERSIDADES

De acordo com dados do Ministério da Educação de Gaza, entre os mais de 30 mil mortos e 70 mil feridos na Faixa de Gaza, encontram-se 4.237 estudantes e 231 professores(as) que tiveram suas vidas ceifadas. Atualmente, professores(as) e estudantes somam mais de 8.500 feridos(as). Na Cisjordânia, 39 estudantes perderam a vida, 282 ficaram feridos.

O impacto na infraestrutura educacional palestino é brutal. O exército israelense destruiu 281 escolas públicas e 65 administradas pela Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados (UNRWA). Em relação às Universidades, as ações israelenses foram ainda mais destrutivas. Todas as Universidades da Faixa de Gaza (Islamic University of Gaza, Al-AzharUniversity, Al-Quds Open University, University College of Applied Sciences, University of Palestine, Al-Israa University, University of Gaza, Al-Aqsa University, Palestine Technical College, Palestine College of Nursing e Arabe College of Applied Sciences), foram aniquiladas por bombardeios israelenses.

CESSAR-FOGO  

A divulgação, em escala mundial, das cenas e números do massacre provocam reações no mundo inteiro e manifestações por um cessar-fogo imediato, inclusive por diversos setores da população de Israel que se opõem à guerra. Dias de mobilizações em defesa do povo palestino já levaram centenas de milhares de manifestantes às ruas, em mais de 100 cidades ao redor do mundo.

Dentro de Israel, a oposição ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, empossado em dezembro de 2022, ganha manifestações cada vez mais fortes. Pesquisas recentes apontam que ele tem o apoio de apenas 15% da população. No domingo, 25 de fevereiro, o ex-primeiro-ministro de Israel (1999-2001) e ex-ministro da Defesa (2007-2013), Ehud Barak, forte liderança política israelense, convocou a população do país a cercar o parlamento para pedir a derrubada de Netanyahu.

No dia 20 de fevereiro, a proposta de uma resolução pelo cessar-fogo foi votada no Conselho de Segurança da ONU, com 13 votos favoráveis e apenas uma abstenção, do Reino Unido. Mas a proposta não prosperou, pois os EUA, utilizando seu poder de veto no Conselho, a vetou por completo.

O CONFLITO

O atual conflito na Faixa de Gaza foi deflagrado após um ataque por terra, mar e ar do braço armado do Hamas contra o território de Israel, atingindo inclusive uma festa rave. O Hamas é a principal força política palestina na Faixa de Gaza e que detinha o poder político no território.

As Forças de Defesa de Israel disseram que cerca de 2.200 foguetes foram disparados contra Israel durante o ataque. O Hamas garante que foram 5 mil, deixando mais de 1.400 israelenses mortos, entre soldados e civis. O Hamas justificou o ataque como uma resposta ao atual cerco a Gaza e à profanação da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, local sagrado para os muçulmanos. Por isso, a operação foi chamada pelo Hamas de “Tempestade Al-Aqsa”.

A resposta do exército de Israel foi o ataque à Faixa de Gaza, com a suposta intenção de destruir o braço armado do Hamas, mas que vem causando o massacre sem precedentes da população civil. E a destruição completa das edificações na Faixa de Gaza.

Daí a multiplicação dos protestos internacionais contra o exército de Israel e que, na direção oposta, também condenam as ações terroristas do Hamas contra a população civil.

ADUNICAMP DEFENDE O CESSAR-FOGO IMEDIATO NA FAIXA DE GAZA E NA CISJORDÂNIA.
E A AJUDA HUMANITÁRIA E PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO CIVIL.


5 Comentários

ADunicamp

[…] Crise humanitária da população civil em Gaza exige um cessar-fogo imediato […]

Débora MazA

Sinto- me representada pela nota qualificada e assertiva da Adunicamp

HILTON JORGE VALENTE

Enquanto Israel estiver recebendo ajuda militar e financeira dos EUA, permanecerá perpetrando as barbaridades conhecida e sempre posará de vitima aos olhos do mundo. E mais: enquanto não for criado um Estado Palrstino, essa guerra jamas terá fim. O ataque do Hamas foi brutal e inaceitável mas a reação de Israel tem sido desproporcional e tão inaceitável quanto.

caio toledo

Oportuno e bem-vindo o posicionamento da Direção da ADunicamp que – interpretando os sentimentos e convicções de docentes democráticos, críticos e humanistas da Unicamp – exige o imediato Cessar-Fogo na Faixa de Gaza! Reconhecendo e louvando a acertada iniciativa da atual Direção de nossa entidade sindical, cabe, porém, observar que a Nota não deixa de ser hesitante e tímida, pois omite um conceito fundamental que caracteriza o “massacre sem precedentes da população civil” em Gaza. A palavra não dita é genocídio. Como cientistas sociais e historiadores insuspeitos revelam, a legítima e justificada noção de genocídio tem sido empregada por qualificados autores judeus, inclusive do campo liberal. Para lembrar apenas alguns nomes recentes: os intelectuais/acadêmicos, Edgar Morin, Noam Chomsky, Norman Finkelstein, Ilan Pappe, Raz Segal; jornalistas Gideon Levy, Masha Ghessen, Glenn Greenwald. No Brasil, “Vozes Judaicas por Liberação” não hesita repudiar o genocídio em curso; na semana passada, de forma destemida, este coletivo apoiou integralmente o altivo e corajoso posicionamento do presidente Lula da Silva que denunciou o genocídio promovido pelo Estado de Israel em Gaza. São os evidentes efeitos políticos e legais que comprometem o Estado de Israel – caso seja indiciado pela Convenção do Genocídio – que explicam a furiosa campanha dos ideólogos sionistas de todas as latitudes e colorações contra o emprego da palavra genocídio pelos setores democratas, críticos e humanistas de todo o mundo. Respeitosamente, caio toledo, aposentado do IFCH

Maria Stella Martins Bresciani

Esse cessar fogo deveria ter acabado há muito tempo... O ato terrorista do Hamas ao matar mais de 1000 habitantes de Israel foi inominável de tão brutal e desencadeou uma ação de guerra do governo de Israel terrível e só nomeada como vingança genocida... Tal como na Ucrânia invadida pelo governo russo com cidades destruídas e parte itens da população atacada e morta, Gaza representa o quanto o conceito de humanidade anda rebaixado e sem sentido.

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