A trajetória de Edmundo Fernandes Dias, professor aposentado do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, foi marcada por uma indissociável fusão entre o rigor acadêmico e o compromisso político. Edmundo, falecido em 3 de maio de 2013, dedicou quase quarenta anos de sua vida à Universidade e à luta pela transformação radical da sociedade, sempre guiado por uma perspectiva crítica e marxista das ciências humanas.
Mais do que um acadêmico brilhante, Edmundo foi um militante incansável. Sua atuação nos movimentos sindicais, particularmente na criação da ADunicamp e na construção do ANDES-SN – Sindicato Nacional foi essencial para o fortalecimento de um movimento sindical verdadeiramente independente e de classe.
Sua coragem e clareza política o colocaram como figura central nas lutas por melhores condições de trabalho e pela autonomia universitária, especialmente durante os anos de repressão da ditadura militar. Edmundo foi uma voz forte na greve geral do funcionalismo público em 1979 e na resistência contra a intervenção de Maluf na Unicamp, em 1981.
Edmundo foi professor do Departamento de Sociologia da Unicamp por quase quarenta anos. Além da dedicação às atividades acadêmicas, atuou intensamente no movimento sindical.
Participou, ainda nos anos de 1970, das primeiras mobilizações no âmbito desta Universidade que culminaram na criação da ADunicamp, da qual foi diretor e ativo militante nos períodos de 1981-1983, 2002-2004, 2007-2008 e 2008-2010.
Não limitou sua luta à arena sindical. Sua produção intelectual foi igualmente potente, contribuindo para a compreensão do pensamento gramsciano. Edmundo deixou extensa produção bibliográfica sob a forma de artigos e livros de sociologia e ciência política situados no campo do marxismo como O outro Gramsci (Xamã, 1996) e Gramsci em Turim (Xamã, 2001), obras que trazem contribuições fundamentais para a compreensão do pensamento desse intelectual revolucionário italiano.
Para Edmundo, a academia era espaço de luta e construção coletiva, jamais um refúgio para o elitismo ou o distanciamento das urgências sociais. Ele compreendia que o saber científico, quando comprometido com os trabalhadores, é uma arma poderosa na luta contra as opressões. Foi assim que sua prática acadêmica e sua militância se entrelaçaram, formando uma unidade inseparável, onde o pensamento crítico e a ação política se retroalimentavam.
Em 15 de outubro de 2024 a Diretoria da ADunicamp homenageou o professor. A partir da data mencionada a Praça da ADunicamp passou a se chamar “Praça Professor Edmundo Fernandes Dias”.
Sugestões de obras do Professor:
DIAS, Edmundo Fernandes. (et al). O outro Gramsci. São Paulo, Xamã, 1996.
DIAS, Edmundo Fernandes. Gramsci em Turim: a construção do conceito de hegemonia. São Paulo, Xamã, 2000.
DIAS, Edmundo Fernandes. Revolução passiva e modo de vida: ensaios sobre as classes subalternas, o capitalismo e a hegemonia. São Paulo: editora José Luís e Rosa Sundermann, 2012
DIAS, Edmundo Fernandes. (2011). Educação, luta de classes e revolução. Germinal: Marxismo E educação Em Debate
DIAS, Edmundo Fernandes. (2014). Modo de Produção e Educação. Germinal: Marxismo E educação Em Debate
Mais informações, acesse a plataforma www.marxists.org
GALERIA
Algumas fotos do Professor Edmundo Fernandes Dias participando de atiuvidades no campus da Unicamp, em Campinas/SP, como representante da ADunicamp.
Fotos: Arquivo ADunicamp
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