Acadêmicos indígenas compartilham saberes sobre manejo e sustentabilidade em evento da Semana dos Acadêmicos Indígenas da Unicamp


O último dia da Semana dos Acadêmicos Indígenas foi marcado pelo protagonismo de estudantes indígenas e pela defesa do território como base da existência e da sustentabilidade dos povos originários.

Na sexta-feira, dia 25/04, no encerramento da Semana dos Acadêmicos Indígenas da Unicamp, foi realizada a roda de conversa “Manejo e Sustentabilidade no Território Indígena”, no auditório Marielle Franco (IFCH), que reuniu acadêmicos e acadêmicas de diversos povos e áreas de conhecimento, para compartilharem e refletirem sobre os saberes ancestrais de seus povos e os desafios contemporâneos enfrentados nos territórios. Participaram da atividade Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Artes Visuais), Samuel Arapiun (História), Verinha Tukano (História), Diogo Kaiowá (Química) e Kûara Taboa Pankararu (Medicina), todos estudantes indígenas da universidade.

Os participantes compartilharam as experiências e relação de seus povos com o manejo da terra, a biodiversidade, a relação espiritual e cultural com os territórios e suas diversidades. “Para falar de sustentabilidade, temos que falar sobre território. Se eu saio da minha terra, eu deixo de existir”, destacou Diogo Kaiowá, estudante de Química, lembrando que demarcação dos territórios é a principal agenda.

A roda de conversa foi marcada pela afirmação da diversidade dos modos de vida indígenas, em que cada povo possui conhecimentos únicos sobre o cuidado com a natureza e a convivência harmoniosa com seus ecossistemas. Um ponto crítico também foi levantado pelos estudantes: a população indígena é a primeira a sentir os efeitos das mudanças climáticas. O desmatamento, a poluição dos rios, a grilagem e os projetos de agronegócio atingem de forma direta e desproporcional os territórios indígenas, ameaçando a vida, a saúde e a cultura de milhares de comunidades.

A roda de conversa foi uma das últimas atividades da semana e reafirmou o papel da universidade pública como espaço de resistência, escuta e valorização dos povos originários.

Abril Indígena 2025

Com apoio da ADunicamp e outros parceiros institucionais, a Semana dos Acadêmicos Indígenas foi realizada de 23 a 25 de abril e contou com uma programação extensa e diversa, construída de forma coletiva pelos próprios estudantes indígenas da Unicamp.

Oficinas, rodas de conversa, contação de histórias, apresentações culturais, jogos tradicionais e mostras artísticas ocuparam os espaços da universidade com o objetivo de fortalecer a presença indígena na academia e dialogar com a comunidade universitária sobre os saberes originários.

Povos Indígenas

De acordo com o IBGE, o Brasil conta atualmente com 1,7 milhão de indígenas autodeclarados, pertencentes a 305 etnias diferentes e falantes de 274 línguas. Os dados, divulgados mais de uma década após o último levantamento de 2010, reforçam a importância da formulação de políticas públicas que reconheçam a diversidade cultural e linguística dos povos indígenas e garantam seus direitos constitucionais aos territórios, à educação diferenciada e à saúde intercultural.

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Fotos: Cristina Segatto/ADunicamp


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