Em cerimônia realizada no dia 14 deste mês de novembro a ADunicamp fez a entrega das premiações da terceira edição do “Prêmio Reconhecimento ADunicamp Prof. Mohamed Habib”. Três projetos foram contemplados com o prêmio e outros quatro receberam, excepcionalmente este ano, a Menção Honrosa que nos anos anteriores foi atribuída a apenas um projeto.
A presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB), avaliou que todos os 10 projetos inscritos foram de alta qualidade e, por isso, foi inevitável ampliar a concessão das menções honrosas.
O Prêmio Reconhecimento ADunicamp foi criado, em 2021, com o objetivo de contemplar e dar visibilidade a trabalhos e ações coletivas e individuais realizados por integrantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica da Unicamp e que sejam importantes para o fortalecimento de boas práticas políticas, sociais e civis da sociedade. O prêmio é dividido em cinco categorias, mas na edição deste ano não houve inscrição em duas delas, a “Democracia e Direitos Humanos” e a “Ciência, Tecnologia e Direitos Políticos”.
Na categoria “Defesa da Vida, da Saúde Física e Mental”, foi premiada a professora Katia Stancato (FEnf) e a Menção Honrosa foi atribuída à professora Olívia Cristina Ferreira Ribeiro (FEF). Na categoria “Educação, Justiça Social e Justiça Ambiental” recebeu o prêmio a professora Josely Rimoli (FCA) e três menções honrosas foram para o professor Luiz Carlos Pereira da Silva (FEEC), para a organização de estudantes Diretório Científico Interdisciplinar e, por fim, para a funcionária do Instituto de Biologia Fabiana Kühne. O professor Alik Wunder (FE) foi premiado na categoria “Arte e Engajamento Social e Político”. (Conheça aqui o resumo dos projetos premiados)
A Mesa que coordenou a cerimônia de entrega da premiação foi composta pelas professoras Silvia Gatti, Elaine Prodócimo (FEF) e Eneida de Paula (IB). E integraram a Comissão responsável pela análise dos projetos as professoras e diretoras da ADunicamp Josianne Cerasoli (IFCH) e Verónica Andrea González-López (IMECC), e o professor Nelson Filice de Barros (FCM).
UM MARCO
A professora Silvia afirmou, na abertura da cerimônia de premiação, que a instituição do prêmio foi “um grande marco” na história da ADunicamp. “Mais uma forma de estarmos presentes na vida da Universidade. Afinal, trata-se de um prêmio que permite a docentes, servidores não docentes, estudantes e até terceirizados da nossa Universidade apresentarem trabalhos e ações já realizadas ou em curso e que tenham importância para a sociedade, dentro ou fora da comunidade acadêmica”, avaliou.
Silvia lembrou que o Prêmio Reconhecimento já havia sido criado pela Diretoria da ADunicamp e aprovado pelo CR (Conselho de Representantes), em 2021, antes da morte do professor Mohammed Habib, ocorrida em janeiro do ano seguinte. “Só que todas as linhas da proposta do prêmio, expressas em suas cinco categorias, tem a ver com tudo por aquilo que o professor Mohammed lutou ao longo da sua vida, como educador preocupado e em luta permanente pelas causas sociais e políticas. Daí foi naturalmente que veio a ideia de dar o nome dele ao prêmio.” O professor integrou a Diretoria da ADunicamp em várias ocasiões, desde sua aposentadoria e até a data de sua morte.
Silvia fez um breve relato da trajetória do professor Mohammed, desde que ele chegou ao Brasil, na década de 1970, refugiado político do então governo repressivo e conservador de seu país natal, o Egito. E, ainda se adaptando ao Brasil e sem falar o português, já se estabeleceu como professor e pesquisador na Faculdade de Biologia da Unicamp. “Mas era uma pessoa de muita inteligência e rapidamente começou a entender o português e depois logo começou a falar. Se estabeleceu ali como professor e como pesquisador. Como professor formou muita gente, estabeleceu uma relação muito boa com o universo da pós-graduação, mas também muito forte na graduação. Como não muitos, o professor gostava da sala de aula. Gostava de ter a presença, o contato com os alunos mais jovens e isso obviamente encantou muitos desses alunos.”
Embora fosse “um excelente professor”, disse Silvia, Mohammed nunca se ateve apenas ao conteúdo da aula. “Sempre trazia alguma coisa a mais, principalmente questões voltadas para ações sociais e políticas. Como pesquisador sempre trabalhou em muitas coisas importantes, mas a pesquisa dele sempre teve o caráter da aplicabilidade. Sempre teve o caráter de que pudesse trazer algum benefício para a sociedade.”
A partir de suas posições acadêmicas e sociais, o professor Mohammed se envolveu diretamente com lutas amplas, políticas e sociais, que também o tornaram reconhecido nacionalmente, como as questões ambientais, contra os transgênicos, pela democracia dentro e fora da universidade, entre outras. “O professor era, sem dúvida alguma, um humanista. E um grande lutador. Ele se colocava à disposição de qualquer espaço que o chamasse para debater a questão dos transgênicos e dos agrotóxicos, por exemplo, evidenciando os problemas que poderíamos ter com eles”, relatou Silvia.
Ele foi diretor do Instituo de Biologia por duas vezes e pró-reitor de Extensão. “Deve-se inquestionavelmente a ele o início das mudanças, da valorização do entendimento da verdadeira Extensão. Mohamed trabalhava pela Extensão aqui e em todo o Brasil. Participava de grupos de professores que trabalhavam com Extensão em universidades de todo o país. A Extensão realmente evoluiu com o professor e depois continuou seu processo de evolução, em grande parte graças a ele”, avaliou Silvia.
AMPLA REPRESENTAÇÃO
A professora Eneida de Paula relatou, ao mostrar alguns números da premiação, que muitas das propostas apresentadas ou contempladas foram de ações que envolveram várias outras pessoas e de coletivos, além daquela que aparece como responsável formal pela inscrição do projeto.
Na edição 2024 foram apresentados 10 projetos. “Mas como vários deles são interdisciplinares, 21 setores ou unidades da Universidade estão representados neles. A maioria dos projetos foi apresentada por docentes, mas tivemos também os de estudantes, funcionários(as) e coletivos”, mostrou Eneida.
A professora Elaine Prodócimo relatou que, assim como nas edições anteriores, a alta qualidade das propostas apresentadas tem surpreendido a Comissão responsável pela avaliação. “Todas elas estão dentro do que o prêmio propõe. Na verdade, gostaríamos de premiar todos(as) que se inscreveram. Mas, como se trata de uma premiação, a Comissão Julgadora teve que fazer as escolhas.”
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