A ADunicamp vai levar para a próxima reunião com a Reitoria, agendada para quinta-feira, 31 de outubro, três propostas referentes ao auxílio saúde, vale alimentação e prêmio de R$ 10 mil para servidores(as) da Universidade. As propostas foram debatidas e aprovadas em Assembleia Extraordinária de docentes, realizada nesta terça-feira, 29.
A Assembleia Geral foi convocada depois que as diretorias da ADunicamp e do STU se reuniram com o reitor Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, e integrantes da Reitoria, na quinta-feira da semana passada, na qual os três itens colocados na pauta da assembleia foram debatidos. A reunião ocorreu a pedido da ADunicamp e do STU, depois que a USP aprovou, neste mês de outubro, uma nova concessão do chamado “Prêmio Desempenho Acadêmico Institucional”. A USP pagará a docentes e técnico-administrativos(as) três parcelas mensais de R$ 3 mil, creditadas a partir de outubro, além de mais R$ 2 mil como benefício extra para o auxílio alimentação.
“Assim que esses benefícios foram anunciados na USP, nos reunimos imediatamente com o STU e encaminhamos ofício para a Reitoria, com o objetivo de discutir a possibilidade de trazer benefícios também aqui para a Unicamp”, relatou a presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB).
Na reunião, relatou Silvia, a Reitoria descartou a possibilidade da concessão do prêmio, mas apresentou duas propostas: a de um acréscimo no auxílio alimentação e a de conceder um valor mensal a título de auxílio saúde, para servidores(as) que já tenham qualquer tipo convênio de saúde. Diante das propostas, tanto ADunicamp como STU convocaram assembleias para definir as decisões a serem levadas na próxima reunião com a Reitoria.
Após o relato da professora Silvia, os temas foram colocados em debate e integrantes do plenário defenderam que a concessão do prêmio deveria ser mantida na pauta de discussões da ADunicamp com a Reitoria. Esse debate se alongou, uma vez que docentes que participaram da assembleia se posicionaram contra a concessão do prêmio, pois entendem que qualquer valor concedido tem que ser adicionado ao salário. Para esses, eventuais prêmios, como os concedidos pela USP, sempre são utilizados pelos reitores na época da Data-base para reduzir reivindicações de reposições de perdas.
Por fim, a ADunicamp colocou em votação a proposta de retomar com a Reitoria a questão do prêmio, e a votação final empatou em 23 votos favoráveis contra 23 contrários e duas abstenções. Diante do empate, a professora Silvia decidiu que levaria sim para a Reitoria a proposta de concessão do prêmio.
ALIMENTAÇÃO E SAÚDE
Na questão do aumento no auxílio alimentação, a Reitoria não explicitou a proposta, mas indicou por um novo valor acrescido de valores maiores que a inflação. Assim, a ADunicamp apresentou para a assembleia a proposta de levar para a reunião com a Reitoria a reivindicação de que o multiplicador mínimo fosse três e ainda fosse concedido um acréscimo de mais R$ 200,00 ao longo do ano de 2025. “Consideramos que esse valor é viável, com base no Orçamento previsto para 2025. E como, no ano que vem, teremos uma nova pauta de negociações na Data-base, poderemos estudar a possibilidade de ampliar esses novos valores para os anos seguintes”, avaliou Silvia. A proposta também foi aprovada por maioria dos participantes da assembleia, sem nenhum voto contrário e com duas abstenções.
A questão do auxílio saúde também levantou um debate amplo na assembleia. Isso porque, na proposta da Reitoria, o auxílio só seria concedido a servidores que já têm contratos com algum convênio de saúde. Seriam excluídos, portanto, quem só se utiliza do SUS e de eventuais consultas privadas, e também aposentados(as). Essa limitação foi duramente questionada pelo plenário.
Docentes lembraram que auxílio saúde não deve se limitar apenas à questão do convênio, mas também a outras necessidades, como medicamentos, exames laboratoriais e outros. E que o auxílio não pode excluir aposentados, que em geral são os que mais precisam de acompanhamento de saúde.
Por fim, a proposta votada foi a de encaminhar para a Reitoria a reivindicação de ampliar, sem restrições, para todos(as) docentes e servidores(as) da ativa e aposentados(as) a concessão do auxílio. A proposta foi aprovada pela ampla maioria de docentes presentes.
Moção contra PIDS é aprovada por docentes
A assembleia aprovou uma “Moção Contrária ao PIDS”, apresentada pela professora Regina Celia da Silva (CEL), que representa a ADunicamp no Conselho Municipal do Meio Ambiente e foi uma das participantes da Audiência Pública, ocorrida no sábado, 26 de outubro, na Câmara Municipal de Campinas para discutir o chamado Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável, proposto para ser instalado na região de Barão Geraldo.
Antes de apresentar a moção, a professora Regina vez um breve relato do ocorrido na audiência. “A audiência foi convocada sem a ampla divulgação. E tivemos a oportunidade de visualizar o nível da discussão. O projeto apresentado pela Prefeitura para agora ser votado não chegou às bases das comunidades da cidade. E o que está em questão é nosso território, o PIDS impactará toda Campinas. Na situação de emergência climática em que vivemos uma proposta dessas teria que ser muito mais debatida. O projeto, da forma como está, é para transformar Campinas em grande mercado imobiliário. Tudo está sendo feito de forma atribulada. Sem debates. Daí a importância da ADunicamp se posicionar, com apoio desta assembleia”, avaliou a professora.
Confira abaixo o texto da moção encaminhada à Reitoria da Unicamp e à Câmara Municipal de Campinas:
“Moção contrária ao PIDS – Projeto de Inovação e Desenvolvimento Sustentável
Após a participação da audiência pública realizada em 26 de outubro na Câmara de Vereadores de Campinas, manifestamos nossa posição contrária e veemente à proposta do PIDS.
Se aprovado, o PIDS ocupará uma área de 17 milhões de m2, na região do antigo Ciatec II e com uma área de ampliação ao norte. Altera o zoneamento de maneira retrógrada, em uma área que deveria ser utilizada muito mais para a preservação e regeneração ambiental do que para mais um projeto de urbanização.
Em uma região já bastante assediada pelo mercado imobiliário, com novos loteamentos em plena implantação como o Alphaville ao lado da Unicamp, o PIDS não apresenta estrutura de saúde pública, zona para cultivo sustentável, tampouco proposta de moradia de interesse social. Assim, corre-se o risco de que o PIDS venha a promover moradias de alto custo, intensificando a segregação de trabalhadores e estudantes que também fazem desta universidade, um polo de excelência científica.
O projeto não prevê soluções nem alternativas para o trânsito – transporte público e ciclovias para uma mobilidade urbana limpa, alternativa, compartilhada e sobretudo integrada à cidade. As propostas advindas do processo participativo que ocorreu ao longo de 2023, conquistado pelos moradores de Barão Geraldo, foram todas praticamente não acolhidas pela Prefeitura.
Preocupa-nos também a relação entre o HIDS – hub científico e tecnológico liderado pela Unicamp – e o PIDS. Sabemos que o PIDS não é condição para a implementação do HIDS. Porém, a Unicamp e a PUC têm sido instrumentalizadas para legitimar um projeto predador que favorece a especulação imobiliária baseado em uma lei de zoneamento que deveria ser revogada diante do contexto de emergência climática.
A proposta do PIDS prevê condomínios de lotes verticais e resultará em maior impermeabilização do solo, verticalização e adensamento populacional.
Diante de tantos equívocos, cabe a pergunta: o que é uma cidade inteligente? Esse mote tem sido utilizado para se vender o PIDS, quando regiões muito próximas seguem padecendo sem condições adequadas de saneamento, como no Recanto dos Dourados e em setores do Village.
PROPOSTA
Em contexto de emergência climática, exortamos a comunidade universitária a se posicionar contra a aprovação de forma açodada de um projeto que irá piorar ainda mais as condições de vida da população de todas as classes sociais.
Reivindicamos maior comprometimento da gestão pública com envolvimento real e responsável da população, para que seja apresentada uma contraproposta do projeto já realizada a partir das discussões com a população de Campinas, a revisão do plano diretor da cidade e revogação da lei 207. O PIDS não é um problema apenas de Barão Geraldo, toda a cidade é impactada. Temos testemunhado diariamente os efeitos da emergência climática – calor intenso, incêndios, enchentes – evidenciando que não existe “área nobre”, todos seremos impactados!”
ADunicamp
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