A Previsão Orçamentária da ADunicamp para 2025 foi aprovada por unanimidade dos presentes na Assembleia Geral de docentes, realizada quinta-feira, dia 12 de novembro de 2024. A Assembleia elegeu ainda seis docentes que integrarão a delegação da ADunicamp para o 43° Congresso do ANDES-SN, e aprovou a proposta de pauta sugerida pelo plenário de reivindicar junto à Reitoria da Unicamp a abertura de uma sindicância para averiguar a participação do professor Paulo Lício de Geus (IC) na elaboração de relatório usado pelo Partido Liberal (PL) para questionar a integridade das urnas eletrônicas, após as eleições de 2022.
A Previsão Orçamentária foi apresentada pela 2ª Tesoureira da ADunicamp, professora Eneida de Paula (IB), com o apoio do assistente administrativo que atua no setor financeiro da entidade, Márcio Damaceno. A proposta detalhada já havia sido apresentada ao CR (Conselho de Representantes) da ADunicamp, em reunião realizada em 27 de novembro de 2024 (leia aqui).
“Fomos conservadores nas previsões das receitas gerais, mesmo diante da possibilidade de muitos(as) docentes se associarem à ADunicamp no ano que vem, em função de algumas conquistas recentes, como concessão do Auxílio Saúde, entre outras”, apontou a professora Eneida. Os principais gastos previstos são com despesas gerais e administrativas, despesas sindicais, ações culturais e associativas e despesas com a sede.
A presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB) lembrou que já existem algumas reformas previstas, e já aprovadas pelo CR, para serem feitas em 2025. “A atual diretoria tem gerido com muito cuidado as nossas despesas. E a transparência com os gastos é absoluta hoje. Todas as despesas estão detalhadamente discriminadas e justificadas. Está tudo anexado nas prestações de contas, inclusive com as notas fiscais. E qualquer docente pode solicitar acesso para analisar”, afirmou a professora Silvia.
43° ANDES-SN
O 43° Congresso do ANDES-SN, que ocorrerá de 27 a 31 de janeiro de 2025, em Vitória, no Espírito Santo, discutirá quatro TRs (Textos de Resolução) propostos pela ADunicamp, já acatados pela direção do Sindicato Nacional, e que serão incluídos no Caderno de Textos do Congresso.
Os quatro TRs se referem a dois temas. O primeiro, como explicou a diretora professora Regina Célia da Silva (CEL), trata da questão da memória sindical. A ADunicamp, inclusive, já começara a fazer este trabalho e avançou muito ao longo dos dois últimos anos. “Hoje, o arquivo da ADunicamp em fase final de estruturação, é um modelo muito moderno que pode ser utilizado por sindicatos de todo o Brasil. Vamos apresentar isso no Congresso e também levar propostas sobre a importância de ampliarmos nacionalmente o resgate da memória do movimento docente na história do país”, afirmou a professora Regina.
O segundo tema apresentado pela ADunicamp trata da emergência climática. “Sugerimos a ideia de um seminário nacional, com docentes que atuam em todos os biomas do país, para discutirmos a questão climática. Já estamos caindo no desfiladeiro e temos que pensar a resposta que docentes têm a dar para essa crise que já está aí”, relatou o 2° vice-presidente da ADunicamp, professor Luciano Pereira (FE).
Foram eleitos(as) para integrar a delegação que representará a ADunicamp no congresso as professoras Silvia Gatti (IG), Maria José Mesquita (IG) e Romilda Mochiuti (CEL) e os professores Nilo Sérgio Sabbion Rodrigues (FEA), Wanderley Martins (IA) e André Kaysel Velasco e Cruz (IFCH).
SINDICÂNCIA
Partiu do plenário da Assembleia a proposta que culminou com a decisão, aprovada por ampla maioria, de cobrar a Reitoria da Unicamp a abertura de uma sindicância para apurar a participação do professor Paulo Lício em documento utilizado pelo Partido Liberal na tentativa de impugnar as eleições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Assim como a ADunicamp (leia aqui), a Reitoria da Unicamp já publicara nota de repúdio pela participação do professor no documento apresentado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, questionando sem provas a integridade das urnas eletrônicas. A participação dele foi apontada em investigações realizadas pela Polícia Federal, durante a apuração da tentativa de golpe de estado para derrubar o governo do presidente Lula. O documento foi rejeitado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por não apresentar provas de irregularidades nas urnas. E o PL foi multado em R$ 23 milhões por má-fé na tentativa de colocar sob suspeita o sistema eleitoral brasileiro.
Em nota divulgada na quinta-feira (28), a universidade lamentou a aparente participação do docente e reiterou a “longa tradição de luta pela democracia e de alinhamento com os valores democráticos que remonta à década de 1970”. A Reitoria, no entanto, não anunciou a abertura de qualquer sindicância ou investigação para apurar o real alcance dos fatos. Para participantes do plenário, que se manifestaram durante a Assembleia, essa sindicância é imprescindível, inclusive porque há fortes indícios de que ele utilizou a estrutura da Universidade para cometer “um crime contra a democracia”.
Segundo a proposta aprovada na Assembleia, foi constituída também uma comissão da ADunicamp para analisar o estatuto da entidade, juntamente com a LBS Advogadas e Advogados, e avaliar uma possível punição interna ao professor Paulo Lício, uma vez que ele é filiado à associação. As punições previstas, desde que alguma norma estatutária tenha sido infringida pelo professor, vão desde a suspensão até a expulsão, de acordo com a gravidade da infração. A comissão será integrada pela professora Emília Rutkowski e pelos professores Paulo Oliveira (CEL) e Bento da Costa Carvalho Junior (FEA).
A Assembleia também aprovou o apoio e a divulgação, pela ADunicamp, da Carta Aberta – Caso Paulo Lício Geus (leia aqui), elaborada pelo Centro Acadêmico da Computação (CACO), assinada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), por diversos Centros Acadêmicos e por vários coletivos estudantis da Unicamp, além de dezenas de outras entidades civis. A carta detalha todos os indícios do crime contra a democracia que teriam sido praticados pelo professor, com base nas investigações da Polícia Federal, e também as possíveis infrações estatutárias contra regras do exercício docente na Unicamp.
2024: um ano carregado de ações e importantes conquistas
A professora Silvia Gatti (IB) e a 1° vice-presidenta da ADunicamp, professora Sílvia Amaral (FEF), que conduziram a mesa da Assembleia juntamente com o professor Luciano Pereira (FE), fizeram um breve balanço dos avanços da associação ao longo do ano que se encerra e também das perspectivas e lutas que se desenham para 2025.
Na área cultural, lembrou a professora Silvia Gatti, foram realizadas quase uma centena de eventos de arte e cultura, teatro, concertos, apresentações musicais e dança, incluindo o Cineclube ADunicamp que trouxe o Festival de Cinema Italiano e o Festival Varilux de Cinema Francês, entre outros. E também o ADunicamp na Estrada, que realizou 11 eventos de passeios e excursões durante o ano.
“Buscando também espaços de convivência e cuidado com a saúde mantivemos as aulas de Garuda, o CaminhaAdu, o Clube de Xadrez, o Pontos de Encontro. Os Encontros em Línguas (italiano, inglês e espanhol), já somam quase 70 alunos, a maioria deles aposentados(as)”, destacou.
As conquistas sindicais também foram muitas, desde o reajuste de 5% conquistado na Data-base 2024, quando o Cruesp propunha apenas 2,7%, até os recentes aumentos no Auxílio Alimentação, que passa a R$ 1950,00 a partir de janeiro de 2025, e a implementação de um auxílio saúde de até R$ 900,00. O Auxílio Saúde era, há anos, uma reivindicação e uma luta conjunta da ADunicamp com o STU. E, ainda, a reposição das perdas salariais de docentes, quando foi criada a URV (Unidade Real de Valor), conquistada a partir de ação movida pela ADunicamp e sua Assessoria Jurídica.
A professora relatou que a agenda sindical foi extensa este ano, incluindo vários seminários que trataram desde questões de interesse imediato da comunidade, como a Previdência e a reforma tributária, até os riscos inerentes aos cortes nas verbas da Educação no Estado de São Paulo. “Estivemos várias vezes na Alesp contra o que eu chamo ‘as malvadezas do governador Tarcísio de Freitas’ com suas privatizações, inclusive de serviços de escolas públicas, e a aprovação da PEC 09/2023, que reduziu em 5% os recursos anuais para a educação pública”, afirmou.
Seguindo na linha sindical e social, a ADunicamp continuou apoiando as cozinhas solidárias que hoje servem quase duas mil refeições semanais e as ações de economia solidária, como dos assentamentos Marielle Vive, Milton Santos e Roseli Nunes, e a Escola Nacional Florestan Fernandes. “Nossos espaços receberam eventos ligados a coletivos da Universidade, incluindo audiências públicas, nas discussões para cotas Trans e cotas PCDs, no Abril Indígena, no Unicamp Afro. Apoiamos ida de nossos alunos indígenas a eventos nacionais. Enfim, seria impossível descrever aqui todo o conjunto e complexidade das ações que realizamos ao longo do ano”, avaliou.
A professora Sílvia Amaral relatou que a Diretoria da ADunicamp, diante de tantas ações, trabalha hoje com um planejamento estratégico de médio prazo e que o planejamento para 2025 deve incorporar grande parte das ações descritas pela presidenta, mas também estar preparado para possíveis imprevistos e emergências. “Todo dia a Educação e a Universidade Pública, aqui em São Paulo, têm recebido um ataque diferente, com retirada de recursos da educação e assim por diante. E temos que estar preparados”, apontou ela.
No âmbito das ações de amplo interesse social, a professora descreveu a atuação da ADunicamp junto aos Conselhos Municipais. “Estamos presentes, temos representantes no Condema, o Conselho de Meio Ambiente, e também nos conselhos de Saúde e de Meio Ambiente. Para 2025, pretendemos realizar diálogos conjuntos com conselheiros(as), com o objetivo de estruturar uma atuação mais orgânica”, adiantou ela. Os conselhos são os principais instrumentos de participação popular nos diferentes segmentos da administração municipal. “E a Universidade deve ter um papel cada vez mais importante na atuação deles”, disse ela.
Nasce um coral
A abertura da Assembleia de docentes foi feita por um coral de vozes, que começou a ser formado na ADunicamp em outubro e que se apresentou ao público pela primeira vez. “É uma emoção saber que começamos a ensaiar há dois meses e já estamos aqui. O coral é uma alegria na vida de todas e todos que agora participam dele”, afirmou a presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti, que também canta no coral.
O coral é regido pelo professor e maestro Paulo Rowlands, bacharel em música pela Unicamp na modalidade Regência. “Agora eu posso dizer que aqui nasce um coral, acaba de sair do forno e já tem até um nome, escolhido pelos(as) integrantes: Coral Entrevozes. E nada melhor do que a música que escolhemos para a sua estreia. É a música Raça, de Milton Nascimento, gravada em 1976”, salientou o maestro.
O coral, já com mais de 30 integrantes, é aberto para qualquer pessoa que queira participar, sem necessidade de vínculo com a ADunicamp, e mesmo sem nenhuma experiência anterior.
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