CR aprova contas da ADunicamp e apresenta questões socioambientais, educacionais emergentes e de permanência indígena na Unicamp


O CR (Conselho de Representantes) da ADunicamp, reunido nesta quarta-feira, 29 de março, aprovou por unanimidade as contas da entidade referentes ao período de setembro a dezembro de 2022. As contas dos períodos anteriores já haviam sido aprovadas ao longo do ano passado, mas a professora Diama Vale (FCM), diretora Financeira da ADunicamp, fez uma apresentação do balancete anual completo.

As contas do último quadrimestre foram anteriormente analisadas, nas duas últimas semanas, pela Comissão de Acompanhamento de Finanças, que divulgou um documento destinado ao CR, sugerindo a aprovação do balancete.

A professora Diama informou, durante a reunião, que a ADunicamp já contratou a empresa de auditoria que começa a acompanhar a gestão fiscal da entidade. “No momento estamos já no meio desse processo. Até maio teremos um parecer completo da empresa, que irá nos orientar sobre a melhor forma de fazer a apresentação de nossos balancetes, tanto do ponto de vista contábil, como do ponto de vista jurídico”, informou ela.

Para a presidenta da ADunicamp, professora Sílvia Gatti (IB), o balizamento da empresa permitirá que o balanço contábil se torne “ainda mais claro e acessível para integrantes do CR” e também para docentes sem familiaridade com questões contábeis. “As indicações dessa assessoria vão facilitar não só o trabalho interno do nosso setor financeiro, mas permitirão que pessoas como nós, leigas nessas questões, tenhamos um acesso mais claro aos números”, apontou.

A professora Diama lembrou que o aprimoramento contábil é importante, pois a ADunicamp, como entidade sindical, deve prestar contas não só para associados/as, o que faz anualmente em assembleias gerais, e para o CR, mas também para outras instituições de fiscalização e controle.

“Do total de receitas, as mensalidades são as principais fontes. Já o convênio de saúde, com a Unimed, responde por mais de 90% dos valores gastos pela ADunicamp, seguido pelas despesas administrativas e de manutenção da sede, incluindo aí a equipe de trabalho”, demonstrou Diama.

Por fim, em 2022, seguiram-se na lista de gastos os acompanhamentos de eventos sindicais, culturais e associativos e as contribuições com ações solidárias. As ações solidárias tiveram, em 2022, gastos bem abaixo dos inicialmente previstos. “Isso porque fizemos uma previsão com base no que ocorreu durante a pandemia, no ano anterior, e ainda não sabíamos qual seriam os desdobramentos no ano passado”, relatou Diama.

Ainda nas ações solidárias, a ADunicamp realizou importantes contribuições, desde transporte até cestas básicas, para estudantes indígenas da Unicamp, muitas vezes tendo que estender o apoio também a seus familiares.

JORNADA DE AGROECOLOGIA

A professora Regina Célia (CEL), diretora de Comunicação da ADunicamp, apresentou a integrantes do CR um relato da participação da entidade, representada por ela, na VII Jornada de Agroecologia da Bahia, ocorrida de 30 de janeiro a 3 de fevereiro.

A ADunicamp, ressaltou ela, tem uma relação institucional e foi uma das fundadoras do Fórum Popular da Natureza, entidade que integrou a organização da Jornada e atua ao lado da Teia dos Povos. A Teia é a idealizadora e principal organizadora das jornadas de agroecologia.

“Tivemos contato, ali, com um Brasil que eu não conhecia. Foi um divisor de águas na minha vida docente. A Teia dos Povos reúne ações de povos excluídos e está espalhada pelo Brasil todo, em forma de núcleos e elos que partem das próprias organizações populares, não necessariamente sindicatos e partidos. Percebi a diversidade desses movimentos que eu não conhecia e acho que muitos de nós também desconhece”, relatou.

Para ficar em um só ponto da importância dessa experiência, afirmou ela, basta saber que Brasil tem seis mil territórios quilombolas e quase todos eles sob ataque permanente da especulação imobiliária. “A Teia realiza eventos nessas comunidades que estão sob ataque, seja dos poderes públicos, vítimas de atentados, incêndios, assédio”, apontou.

E a escolha do Quilombo de Conceição de Salinas, na cidade de Salinas da Margarida, para abrigar a VII Jornada não foi por acaso. “O quilombo está sob ataque da especulação imobiliária, inclusive com apoio da Prefeitura, que quer um resort turístico lá. E a presença das mais de duas mil pessoas, de todo o Brasil, durante a Jornada traz grande visibilidade para a causa”.

A experiência na Jornada, avaliou ela, não só coloca para a ADunicamp e para docentes uma realidade brasileira praticamente desconhecida por quem não está atuando diretamente nela, mas “chama também a atenção para o potencial de organização” dessas populações. “Povos como os dos movimentos sem teto e dos sem terra, as marisqueiras e pescadores, enfim movimentos de resistência do ataque do capital contra o meio ambiente e o trabalho”.

Para ela, é essencial que essas questões sejam discutidas na ADunicamp, até para “sensibilizar colegas” para a importância de ações socioambientais locais que estão em curso.

LEIA AQUI O RELATO COMPLETO DA PROFESSORA REGINA E AS REPORTAGENS PRODUZIDAS PELA EQUIPE DE COMUNICAÇÃO DA ADUNICAMP SOBRE A VII JORNADA

A EDUCAÇÃO E O CAPITAL

A professora Regina fez um relato também de sua participação, como representante da ADunicamp, no VII Seminário Estado e Educação do ANDES-SN, realizado em Fortaleza, entre 10 e 12 de março, e que teve como tema “O Projeto do Capital para a Educação: Como enfrentá-lo?”.

“Esse segundo evento do qual participei foi um choque para mim. Um choque sobre estado da educação no Brasil e que hoje e nos coloca diante de verdadeiros tsunamis que teremos que enfrentar”, avaliou.

Durante dois dias, o encontro discutiu e apresentou informes e números, sobre diferentes aspectos atuais da educação brasileira. Para Regina, os principais “tsunamis que têm que ser enfrentados” se referem à Reforma do Ensino Médio, a militarização de escolas, as propostas de revisão da política de cotas e a privatização do ensino.

Para Regina, o que foi visto e discutido no encontro mostra “um cenário catastrófico do capital devastando o ensino público neste momento”. O exemplo do Ceará, que foi tema de uma das apresentações no encontro, mostrou a “tomada do ensino público pela iniciativa privada”. “Entidades ligadas a sistema financeiro e outras privadas hoje tomam conta das escolas, oferecem não só estrutura, mas também material. Oferecem material pronto para professores, que acabam aderindo às pautas sugeridas pelas instituições”, relatou.

Segundo Regina, o encontro mostrou de forma abrangente a necessidade de encaminhamentos locais para ampliar o debate sobre os temas do seminário. (O relato detalhado da professora sobre o Seminário será disponibilizado em breve nos canais de comunicação da ADunicamp).

PERMANÊNCIA ÍNDIGENA

A professora Maria José de Mesquita (IG), diretora da ADunicamp, relatou ao CR o processo que está em curso na Universidade de construção do GT (Grupo de Trabalho) de Permanência Indígena, no qual ela atua como representante da entidade.

O GT começou a ser criado em fevereiro, após a morte do estudante indígena, da região do Alto Rio Negro, no Amazonas. “A situação dramática ocorrida com Belchior levou o Coletivo Indígena chamar um reunião urgente com a Reitoria, para tratar da situação da comunidade indígena da Unicamp. E a partir daí surgiu a proposta da criação do GT de Permanência Indígena na Universidade”, afirmou.

A ADunicamp foi convidada, ao lado de outras entidades e pessoas e profissionais independentes de diferentes segmentos, devido a sua atuação, há mais de três anos junto aos estudantes indígenas da Universidade. “Inclusive tomando iniciativas e realizando ações que deveriam ser tomadas pela Reitoria, como a distribuição de cestas básicas”, lembrou.

A primeira reunião do GT ocorreu já em fevereiro e a partir daí foram criadas comissões, para tratar dos diferentes aspectos da permanência. “Temos desde a subcomissão pedagógica, à social, espiritual, saúde, a de bolsas e da moradia. O objetivo de cada subcomissão é propor e executar atividades imediatas e de médio e longo prazo”. Integrantes das subcomissões se reunirão nos dias 17 e 18 de abril para sistematizar as primeiras propostas.

O GT terá um papel fundamental nas discussões e elaboração de ações para a permanência indígena, uma vez que segundo avaliação da professora, as dificuldades que eles enfrentam são imensas. Desde a questão da língua, até as questões culturais, econômicas e sociais.

MOÇÃO FEIRA DAS UNIVERSIDADES ISRAELENSES

O Conselho de Representantes aprovou também a seguinte moção sobre a Feira das Universidades Israelenses:

“A Feira das Universidades Israelenses, a ser realizada proximamente na Unicamp, reúne organizações universitárias e centros de pesquisas israelenses que auxiliam o estado de Israel e suas forças armadas, em especial, na manutenção da ocupação colonial da Palestina e do seu regime de apartheid, condenado repetidamente pela ONU e as principais organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.

“Esta situação endêmica agrava-se pelas características do atual governo israelense, constituído por forças de ultradireita e grupos de radicais religiosos. Por este motivo o Conselho de Representantes da ADUNICAMP, reunido no dia 29 de março de 2023, pronuncia-se pelo cancelamento da Feira das Universidades Israelenses na Universidade Estadual de Campinas.”


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