GT Alimentação Saudável da ADunicamp conclui trabalhos


A ADunicamp tem como uma de suas premissas a defesa dos direitos e interesses e a assistência aos(as) seus sindicalizados(as). Diante disso, a Associação trouxe para o centro do debate as questões relacionadas a alimentação saudável ofertada na Unicamp e também a disponibilização de espaços de vivência nos campi da Universidade.

As questões foram abordadas inicialmente na reunião do Conselho de Representantes (CR) da ADunicamp realizada em abril de 2023 (veja aqui). Imediatamente a presidenta da entidade, professora Silvia Gatti, criou o Grupo de Trabalho (GT), responsável por receber, discutir e realizar propostas no sentido de ampliar os acessos à alimentação saudável e para a criação de espaços de convivência nos campi da Unicamp.

Fizeram parte do GT a própria professora Silvia Gatti, a professora Eliete Maria Silva (Fenf/Unicamp) e a professora Caroline Capitani (FCA/Unicamp). Após várias reuniões, o GT elaborou um plano de ação que resultou no convite ao prefeito do Campus da Unicamp, Juliano Henrique Davoli Finelli, para participar de uma reunião do CR e na publicação do artigo sobre alimentação saudável (veja aqui).

O PROJETO DA PREFEITURA

O plano de recuperação dos espaços de alimentação e convivência nos campi da Unicamp foi apresentado pelo prefeito do campus da Universidade, Juliano Henrique Davoli Finelli, durante reunião do CR da ADunicamp, realizada no dia 28 de junho de 2023. O plano, elaborado a partir de 2021, com foco no retorno das atividades presenciais após o isolamento pela pandemia, está em execução, com várias ações já realizadas, e prevê a finalização quase completa ainda durante a gestão da atual Reitoria.

As mudanças em realização e as previstas, expostas por Juliano, integram o PREAC (Projeto Rede de Espaços de Alimentação e Convívio), que começou a ser construído em 2021, dentro do planejamento do retorno presencial pós-pandemia.

O diagnóstico inicial, entregue pela Prefeitura à Reitoria era desanimador. Havia apenas quatro espaços de alimentação em funcionamento, 10 cantinas fechadas e outras cinco em fase de licitação. Dessas 10, oito com problemas de documentação e duas com problemas estruturais.

Diante do cenário, relatou o prefeito, a primeira ideia foi acelerar as licitações. Mas a empreitada não foi nem um pouco fácil e rápida, por diferentes razões. Não havia uma padronização dos espaços e das propostas, seguindo as regras determinadas pela legislação. Diante das normas legais então vigentes que, entre outras coisas, exigem do permissionário a reforma dos espaços, hoje bastante deteriorados, e o prazo de concessão de apenas cinco anos comprometia o retorno do capital investido. Em duas das cantinas onde a licitação avançou, no CAISM e no Cotuca, os permissionários acabaram fechando as portas e devolvendo as chaves por falta de demanda. Novos processos de licitação seguem em curso.

Após sucessivos problemas, legais e estruturais nas cantinas, que só poderão ser resolvidos completamente em prazo mais longo, foram colocadas em prática as propostas imediatas das máquinas de lanches e petiscos nas Unidades; e também a dos restaurantes containers, que começam a ser efetivamente instalados a partir dos próximos dois meses.

As máquinas, proposta que recebeu vários questionamentos de integrantes do CR, foram instaladas, segundo Juliano, “porque tínhamos necessidade de atender rapidamente” a comunidade. Foram feitas inicialmente quatro licitações, mas todas elas tiveram que ser ajustadas e reajustadas. “Não conhecíamos esse mercado. Por fim, o contrato prevê que nós só locamos o espaço. Hoje temos 91 máquinas em 46 pontos. Encontramos alguns problemas iniciais. As máquinas só atendem minimamente, mas têm sido bem aceitas em todas as localidades.”

Os cinco containers inicialmente previstos serão instalados em espaços revitalizados e com novo paisagismo realizado pela Prefeitura do campus. Terão cobertura em frente e no entorno, com capacidade para receber entre 150 e 200 pessoas sentadas em cada um. E também palco para apresentações culturais. “Foram projetados para ser também áreas de convivência”, afirmou o prefeito. As maquetes e os detalhes dos projetos estão disponíveis no site oficial da Unicamp.

Juliano expôs também as revitalizações e mudanças já realizadas nas duas feiras existentes no campus, na região da FCM e no Hospital de Clínicas. Os espaços para as duas feiras foram revitalizados e as permissões e regras de higiene e funcionamento renegociadas com permissionários. “O resultado agradou muito tanto os permissionários como usuários”, afirmou Juliano. Diante disso, foram criados novos espaços com essa finalidade no campus. “Em 2021, quando iniciamos o programa, tínhamos apenas duas feiras no campus. Hoje já administramos um total de seis.”

O objetivo final do projeto é que haja um espaço de alimentação e convivência com acesso a, no máximo, 250 metros partindo de cada ponto do campus.

QUESTIONAMENTOS

Os principais questionamentos apresentados por integrantes do CR foram sobre a qualidade e o preço elevado dos alimentos atualmente fornecidos pelas máquinas. E também sobre a falta de uma divulgação mais sistemática, por parte da Prefeitura, sobre os pontos que já estão instalados e em funcionamento.

As máquinas, afinal, fornecem principalmente alimentos embalados, como ultraprocessados e refrigerantes. Para integrantes do CR que se manifestaram, é essencial que a Prefeitura e a Reitoria atuem buscando uma melhor qualidade e segurança alimentar.

Mas, segundo Juliano, a legislação determina que o papel da Universidade é o de alugar o espaço e não pode, por limitações legais, interferir naquilo que é comercializado, a não ser que o permissionário viole normas de qualidade no fornecimento. Mas, para integrantes do CR, essa é uma questão que deve ser conduzida pela Universidade que é, essencialmente, “um espaço de formação” de pessoas, profissionais, pesquisadores e cidadania para uma melhor qualidade de vida.

Em artigo elaborado pela professora Caroline Capitani (FCA/Unicamp), integrante do GT da ADunicamp, e pela estudante Luiza Molinari (FCA/Unicamp), fica claro que “o uso das máquinas de autosserviço pode contribuir para o aumento do consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, como ultraprocessados. Além disso, a escolha das máquinas vai muitas vezes contra o ato de comensalidade recomendado pelo Guia Alimentar para População Brasileira, o qual preconiza o comer com atenção, devagar, sentado na mesa, sem estímulo de aparelhos eletrônicos, em ambientes apropriados, limpos, confortáveis e com companhia”.

Capitani e Molinari apontam que, “em contrapartida do uso das máquinas de autosserviço pelos campi, a universidade possui oferta de alimentos in natura e minimamente processados diariamente através das refeições nos restaurantes universitários. Além disso, esse ambiente respeita a comensalidade, uma vez que as refeições são preparadas com alimentos naturais”.

Contudo as autoras ressaltam que “para as refeições intermediárias, como lanches, bem como opção de refeição, e até mesmo para socialização e comensalidade, as máquinas não suprem essa demanda, as quais seriam fomentadas por espaços de cantina, local onde se pode haver escolha de consumo e convívio coletivo entre discentes, docentes e funcionários(as)”.

SEQUÊNCIA

A partir do trabalho do GT Alimentação Saudável da ADunicamp e do que foi apresentado pela Prefeitura do Campus, a entidade seguirá atenta aos desdobramentos. A ADunicamp seguirá como agente fiscalizador do que é e do que será ofertado para discentes, docentes e funcionários(as) no que diz respeito à qualidade nutricional dos alimentos e, também, acompanhará de perto a evolução da criação dos pontos de vivência propostos pela Prefeitura do Campus da Unicamp.

GT DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Silvia Gatti (ADunicamp)
Eilete Maria Silva (Fenf/Unicamp e CR ADunicamp)
Caroline Capitani (FCA/Unicamp)


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