Após a participação da audiência pública realizada em 26 de outubro na Câmara de Vereadores de Campinas, manifestamos nossa posição contrária e veemente à proposta do PIDS.
Se aprovado, o PIDS ocupará uma área de 17 milhões de m2, na região do antigo Ciatec II e com uma área de ampliação ao norte. Altera o zoneamento de maneira retrógrada, em uma área que deveria ser utilizada muito mais para a preservação e regeneração ambiental do que para mais um projeto de urbanização.
Em uma região já bastante assediada pelo mercado imobiliário, com novos loteamentos em plena implantação como o Alphaville ao lado da Unicamp, o PIDS não apresenta estrutura de saúde pública, zona para cultivo sustentável, tampouco proposta de moradia de interesse social. Assim, corre-se o risco de que o PIDS venha a promover moradias de alto custo, intensificando a segregação de trabalhadores e estudantes que também fazem desta universidade, um polo de excelência científica.
O projeto não prevê soluções nem alternativas para o trânsito – transporte público e ciclovias para uma mobilidade urbana limpa, alternativa, compartilhada e sobretudo integrada à cidade. As propostas advindas do processo participativo que ocorreu ao longo de 2023, conquistado pelos moradores de Barão Geraldo, foram todas praticamente não acolhidas pela Prefeitura.
Preocupa-nos também a relação entre o HIDS – hub científico e tecnológico liderado pela Unicamp – e o PIDS. Sabemos que o PIDS não é condição para a implementação do HIDS. Porém, a Unicamp e a PUC têm sido instrumentalizadas para legitimar um projeto predador que favorece a especulação imobiliária baseado em uma lei de zoneamento que deveria ser revogada diante do contexto de emergência climática.
A proposta do PIDS prevê condomínios de lotes verticais e resultará em maior impermeabilização do solo, verticalização e adensamento populacional.
Diante de tantos equívocos, cabe a pergunta: o que é uma cidade inteligente? Esse mote tem sido utilizado para se vender o PIDS, quando regiões muito próximas seguem padecendo sem condições adequadas de saneamento, como no Recanto dos Dourados e em setores do Village.
PROPOSTA
Em contexto de emergência climática, exortamos a comunidade universitária a se posicionar contra a aprovação de forma açodada de um projeto que irá piorar ainda mais as condições de vida da população de todas as classes sociais.
Reivindicamos maior comprometimento da gestão pública com envolvimento real e responsável da população, para que seja apresentada uma contraproposta do projeto já realizada a partir das discussões com a população de Campinas, a revisão do plano diretor da cidade e revogação da lei 207. O PIDS não é um problema apenas de Barão Geraldo, toda a cidade é impactada. Temos testemunhado diariamente os efeitos da emergência climática – calor intenso, incêndios, enchentes – evidenciando que não existe “área nobre”, todos seremos impactados!
Moção aprovada em Assembleia de Docentes, realizada no dia 29 de outubro de 2024, na sede da ADunicamp. A moção foi enviada à Reitoria da Unicamp e à Câmara Municipal de Campinas/SP.
Joseph Haim
Não há contrapartida relativa a infraestrutura essencial por parte da prefeitura para um aumento tão grande da população no PIDS. FORA PIDS!