O candidato ao governo do estado de São Paulo Cláudio Aguiar (PMN) afirmou, nesta quarta-feira, 19, durante encontro promovido pelo Movimento pela Ciência e Tecnologia Pública (MCTP) que o modelo de investimento em pesquisa que vem sendo implantado hoje no Brasil “vai na contramão do resto do mundo”, ao colocar os recursos públicos a serviço de interesses de empresas e da iniciativa privada, em detrimento dos interesses coletivos do país.
Enquanto, disse ele, no resto do mundo as empresas privadas investem recursos nas universidades públicas para que sejam realizadas pesquisas em tecnologia e inovação, no Brasil o dinheiro público repassado para as instituições de pesquisa estão a serviço “dos interesses privados e não do coletivo”. Para Aguiar, essa situação vai se agravar ainda mais com a implantação, hoje em curso, do chamado Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei n° 13.243, de 11 de janeiro de 2016). Questionamentos sobre o Marco Legal estão na origem do surgimento do MCTP, que hoje reúne 14 entidades ligadas à ciência e à pesquisa.
Depois de defender novos modelos de financiamento da pesquisa para garantir a injeção pesada de recursos públicos e privados em ciência, tecnologia e inovação, Aguiar afirmou que a crise de financiamento das universidades públicas paulistas decorre do desvio de dinheiro público, fruto de corrupção, nas últimas gestões do governo do estado.
“O grau de corrupção no estado de São Paulo, o dinheiro que vai para a vala, gira em torno de 30% a 35% em diversas licitações, segundo o TCE (Tribunal de Contas do Estado)”, afirmou. Para ele, os governos tucanos não são investigados em São Paulo, porque tem uma maioria de deputados na Assembleia Legislativa “totalmente conivente e que anda junto com eles”. Aguiar afirmou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiu barrar na Assembleia Legislativa mais de 100 pedidos de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar atos do seu governo.
NO CASSETETE
Aguiar atribuiu a crise de financiamento das universidades públicas paulistas e a crise no ensino médio público ao modelo de governo que geriu o estado nos últimos anos. “A questão é de governo, de posição de governo. Em São Paulo, o professor ainda é tratado de cassetete na mão. Se o professor, que está na ponta de lança do ensino, é tratado com cassetete, imagina a instituição de ensino em si”, avaliou.
O candidato lembrou que, nos últimos oito anos, ocorreu uma redução de quase 50% na verba destinada à ciência e tecnologia pública no estado de São Paulo. “Há oito anos, tínhamos recursos na casa de 7 bilhões de reais. Hoje, giram em torno de 4,7 bilhões”, pontuou.
Para Aguiar, não há possibilidade de realizar o desenvolvimento econômico no país sem investimentos em ensino, ciência e tecnologia.
CICLO DE DEBATES
Todo(a)s os candidato(a)s à presidência e ao governo do Estado de São Paulo foram convidado(a)s a participar do Ciclo de Debates ELEIÇÕES 2018 promovido pelo MCTP e que acontece no auditório da ADunicamp. Os encontros serão realizados de forma individual com cada candidato(a) e irão ocorrer à medida que ele(a)s manifestarem a disponibilidade de agenda. O tema dos encontros será a posição dos candidatos sobre Ciência, Tecnologia e Educação.
Além dos encontros com candidatos, o Ciclo de Debates também promove encontros com especialistas de diferentes áreas para discutir as eleições em curso. O primeiro encontro, ‘As eleições e a construção de um projeto popular de País’ ocorrido em 30 de agosto, reuniu Frei Betto, Bia Barbosa e o professor Ricardo Antunes.
Os próximos encontros com candidatos ocorrerão nesta quinta feira 20, com Marcelo Cândido (PDT), às 12 horas; e com Professora Lisete (PSOL), dia 27 às 18h.
A agenda dos próximos eventos e os vídeos dos eventos já realizados podem ser vistos nos sites www.ctpublica.wordpress.com e www.adunicamp.org.br.
Fotos: Véronique Hourcade / MCTPública
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