Debate com integrantes da chapa candidata à Diretoria da ADunicamp ressalta momento de ataques à Ciência e a Universidade Pública


A ADunicamp realizou nesta quinta-feira, 01 de outubro, um debate virtual e aberto com os integrantes da chapa “ADunicamp: compromisso com os docentes, a universidade pública e a democracia”, candidata única para as eleições da entidade que ocorrerão nos próximos dias 06 e 07.
O objetivo do debate, além de apresentar pessoalmente os integrantes da chapa, foi o de responder a docentes da Universidade sobre os objetivos e metas da próxima gestão. O debate foi mediado pela professora Eliete Maria Silva (FENF) e José Roberto Zan (IA), integrantes da Comissão Eleitoral da ADunicamp.
A pedido da candidata à presidência e atual presidenta da ADunicamp, professora Maria Silvia Viccari Gatti (IB), todos os integrantes da chapa falaram um pouco sobre suas histórias na Unicamp e sobre as razões que os moveram a integrar a chapa e atuar no movimento sindical docente.
O primeiro a falar, Paulo Cesar Centoducatte (IC), candidato a 1º Vice-Presidente e atual Vice-Presidente da entidade, afirmou que a ciência e os serviços públicos vivem hoje no Brasil “um momento de muitos ataques e muitas dificuldades”. Centoducatte, que está na Unicamp desde 1989, primeiro na graduação e depois como professor, atua há décadas junto à ADunicamp, da qual já foi presidente quatro vezes. “Acompanhei muitos momentos de ataques às nossas Universidades públicas, mas nunca na história vi uma repetição de ataques tão violentos como agora”, disse.
O professor Gustavo Tenório Cunha (FCM), candidato a 2º Vice-Presidente, que está na Unicamp desde 1989, falou em seguida e ressaltou a necessidade de união para uma resistência aos ataques. Como integrante da gestão que se encerra, ele disse ter uma visão clara das dificuldades desenhadas à frente. “Este é um momento de desafios, mas também de união e luta em defesa da Universidade pública”.
O professor Mohamed Habib (IB), candidato a 1º Secretário, afirmou que a sua decisão de integrar a atividade sindical neste momento veio justamente da sucessão de ataques que as Universidades públicas e a ciência vêm sofrendo no país. “O campo está minado. Hoje as agressões vêm de todos os lados, dos governos Estadual e Federal e até de fora do Brasil vêm agressões ao desenvolvimento do país”, avaliou. Já aposentado e na Unicamp desde 1972, ele afirmou que uma das áreas em que pretende reforçar sua atuação na ADunicamp é junto aos aposentados. Para ele, a política nacional em curso de desmonte de direitos tem prejudicado duramente os aposentados e, ao mesmo tempo, por estarem já livres da pressão diária na Universidade, esse segmento tem amplas condições de atuar e colaborar com o movimento sindical e as lutas em curso.
Para o professor Wanderley Martins (IA), atual diretor Cultural da ADunicamp e que se recandidata ao cargo, a “avalanche de ataques” às universidades e à ciência e ao conhecimento de forma geral tem atingido de forma particular a área cultural e artística. O desmonte da cultura está claro em todas as políticas recentes do governo Federal. “E nós temos um Departamento de Arte muito forte. Que pode ajudar a unir e resistir a esses ataques”, argumentou.
A defesa da democracia é uma das lutas mais importantes a serem travadas neste momento no Brasil, na opinião do professor Fernando Antônio Santos Coelho (IQ), candidato a 2º Tesoureiro. “A proposta da chapa, de defesa da Universidade pública, dos docentes, da ciência e da democracia é extremamente importante hoje momento”. E, para ele, todos os eixos de atuação propostos pela chapa confluem para a defesa da democracia. “Essa é a principal luta a ser travada agora”.
A candidata a integrar a futura Diretoria como Diretora de Imprensa, professora Wanda Pereira Almeida (FCF), ressaltou a importância da comunicação das Universidades e dos cientistas com a sociedade, para ampliar a defesa contra os ataques agora em curso. “A comunicação tem o papel de esclarecer a sociedade sobre a importância da ciência e das universidades”. Na Unicamp desde 2008, mas professora desde 1992, ela afirmou que sempre atuou no movimento sindical e que hoje os sindicatos são as peças mais importantes na defesa das Universidades e das ciências públicas. “Os ataques já não esporádicos, são cada vez mais constantes e tentam minar nossas forças”. Para ela, o momento exige o máximo de união.
Com 30 anos de atuação na Unicamp, o professor Edson Joaquim dos Santos (Cotuca), atual diretor Administrativo da ADunicamp e candidato a reeleição, também avaliou que as Universidades públicas e a democracia vivem “um momento muito sério”. “E eu estou me engajando agora para continuar ao lado destas pessoas que integram a nossa chapa; pessoas muito combativas e que defendem os maiores valores que podem ter as Universidades públicas, os direitos dos docentes e a democracia. Esta chapa apresenta a possibilidade de continuarmos lutando juntos”.
O professor André Kaysel Veslaco Cruz (IFCH), candidato a 2º Secretário, com apenas três anos na Unicamp, disse que várias razões o levaram a “aceitar o desafio de participar” da atuação sindical. “Por tudo que os colegas já falaram, mas também com a motivação especial de trazer os professores mais jovens, com menos tempo de casa, a se filiarem”. Os professores mais jovens, avaliou, além de intensamente cobrados são duramente afetados pelos ataques aos direitos e pelos cortes de recursos para pesquisa que ocorrem hoje no Brasil. “No momento, não existe caminho individual, tem que ser coletivo”.
Também há bem pouco na Unicamp, desde 2017, a professora Diama Bhadra do Vale (FCM), candidata a 1ª Tesoureira, falou sobre a importância de trazer para dentro da ADunicamp os professores mais jovens e aproximar a atuação sindical das questões diretamente ligadas à saúde. Para ela, é indispensável a atuação sindical para discutir e ampliar a questão do pluralismo dentro da Universidade, trazendo para o debate as mulheres e o público LGTB, entre outros”.
A atual presidenta da ADunicamp, e candidata à reeleição, professora Maria Silvia Viccari Gatti (IB), concluiu que os depoimentos de seus companheiros/as de chapa e a diversidade de seus campos de atuação acadêmica expressam a amplitude de ações que a próxima gestão da entidade terá que conduzir. “Vamos defender direitos não só de nossos/as associados/as, mas de todos/as docentes da Universidade e também de fora, pois estaremos junto ao ANDES-SN e a outras entidades e outros campos de ação”. A professora lembrou o importante papel que a ADunicamp tem tido nas ações de inclusão dos estudantes na Universidade e na melhoria das condições de acesso. “E todas essas ações são para permitir que a democracia chegue a todos/as. Que as possibilidades cheguem a todos/as”. Silvia relatou ainda que as Universidades públicas já vinham sendo atacadas pelos governadores paulistas mais recentes e que a pandemia tem sido apenas um argumento para recrudescer os ataques. “Doria (o atual governador tucano João Doria) se cerca de cientistas, aparece nas fotos com cientistas, mas desfere ataques pesados não só às Universidades públicas e a ciência, mas agora também às autarquias”, afirmou ela, referindo-se ao PL 529/2020, em discussão na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).
Após as apresentações, houve uma rápida resposta a perguntas encaminhadas eletronicamente por docentes, mas giraram principalmente em torno dos ataques relatados pelos integrantes da chapa, do PL 529 e das expectativas em torno da eleição para o novo reitor, que ocorrerá em março de 2021.


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