DOCUMENTO DA ABC AOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO BRASIL 2018


[box type=”info”]Divulgado por solicitação do Prof. Jose Mario Martinez (IMECC), na condição de sindicalizado. O conteúdo do texto não reflete necessariamente a posição oficial da ADunicamp, nem de qualquer outra instância da entidade (Assembleia Geral, Conselho de Representantes e Diretoria). Toda e qualquer responsabilidade por afirmações e juízos emitidos cabe unicamente ao autor do texto.[/box]
A Academia Brasileira de Ciências (ABC), fundada em 1916, apresenta propostas para que o desenvolvimento sustentável e socialmente justo do Brasil incorpore decidida e definitivamente ciência, tecnologia e inovação como política de Estado. No mundo contemporâneo é essencialmente impossível a criação de bons empregos, o combate à pobreza, a redução da desigualdade e o fortalecimento da governabilidade democrática sem uma substantiva melhoria da educação, o uso intensivo de ciência, a aplicação das tecnologias localmente mais eficientes e a introdução da cultura da inovação em toda a sociedade.
O Brasil reúne condições ímpares para utilizar eficientemente ciência, tecnologia e inovação em um projeto de desenvolvimento ousado e transformador que contribua para reduzir as desigualdades, melhorando o nível de vida da população e colocando o país em um lugar de destaque no cenário internacional. A competência científica já instalada, a complexa infraestrutura de apoio à pesquisa consolidada ao longo dos últimos anos, sua dimensão territorial, sua população e a diversidade de seus ecossistemas permitem este caminho.
Ao mesmo tempo, deve ser preservado o espaço da ciência básica como indutora de grandes transformações científicas e tecnológicas e promotora de uma cultura da verdade e do conhecimento.
O pleno proveito dessas condições favoráveis requer, no entanto, a fixação de prioridades que removam importantes obstáculos ao desenvolvimento nacional. Esses obstáculos incluem a precária escolaridade dos brasileiros, os atuais baixos investimentos em infraestrutura, a insuficiência de recursos governamentais para o apoio à pesquisa e à inovação, e o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento de empresas instaladas no Brasil. É preciso reconhecer que, não obstante os grandes avanços da ciência brasileira nas últimas décadas, o Brasil ainda segue, com raras exceções, uma agenda internacional de pesquisa (ou seja, a ciência cujas linhas mestras são ditadas pelas economias centrais, sem, ou com pouca, especificidade em relação às demandas nacionais), o que pode limitar o seu protagonismo global. É necessário, assim, alcançar-se um novo patamar de desenvolvimento científico e tecnológico, em que o país seja proativo na formatação de agendas internacionais de pesquisa, envolvendo ciência, tecnologia e inovação.
As considerações e propostas a seguir referem-se a aspectos gerais da política para ciência, tecnologia e inovação. Observações e recomendações mais detalhadas, relativas a diversas questões da educação, da ciência e da inovação tecnológica no Brasil, podem ser encontradas em documentos da ABC, da série “Estudos Estratégicos”, bem como no Livro Azul da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A ABC convidará os candidatos à Presidência da República do Brasil a vir receber o documento em encontros com os Acadêmicos.
Grupo de Redação
Evaldo Ferreira Vilela  (UFMG)
Jailson Bittencourt de Andrade  (UFBA)
João Fernando Gomes de Oliveira  (USP)
Luiz Davidovich  (UFRJ)
Manoel Barral Netto  (Fiocruz-BA)
Marcia Cristina Bernardes Barbosa  (UFRGS)
A versão final do documento foi enviado a todos os membros titulares da ABC para sugestões e correções, posteriormente incorporadas.
Publicado originalmente em Academia Brasileira de Ciências (ABC).


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