No Dia do Jornalista, Sindicato reafirma história de luta e resistência contra qualquer tentativa de golpe
Na próxima quinta-feira, 7 de abril, Dia do Jornalista, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) promove um Ato em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais, reforçando a posição da entidade e da categoria já expressa em manifesto e entregue à presidenta Dilma Rousseff durante encontro com artistas e intelectuais, que aconteceu em Brasília na semana passada.
O ato acontece no Auditório Vladimir Herzog, na sede do Sindicato, às 19h. Durante a manifestação estão previstos depoimentos de jornalistas que viveram os porões da ditadura que sucedeu ao golpe de 1964, além de análise do cenário atual por profissionais que também sofrem ataques e ou censura diante da espetacularização jurídico-midiática que toma conta do Brasil.
Já confirmaram presença os jornalistas Amadeu Mêmolo (presidente da Associação dos Jornalistas Veteranos no Estado de São Paulo), Audálio Dantas (jornalista e escritor), Fernando Morais (jornalista e escritor), Paulo Zocchi (presidente do Sindicato do Sindicato dos Jornalistas SP), José Augusto Camargo (ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas SP), Breno Altman (diretor do site Opera Mundi), Cannabrava Filho (presidente honorário da Apijor e editor da Revista Diálogo do Sul), Igor Fuser (jornalista e professor universitário), Laurindo Lalo Leal Filho (jornalista e escritor), Maria Inês Nassif (colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo), Paulo Moreira Leite (jornalista e escritor), Rodrigo Vianna (jornalista e blogueiro), Rose Nogueira (jornalista e ex-presa política) e Vilma Amaro (presidente do grupo Tortura Nunca Mais).
O evento é aberto a todos os jornalistas e democratas que estão na luta pela manutenção da democracia no Brasil e contra qualquer tentativa de golpe para derrubar a presidente Dilma Rousseff, legitimamente eleita pela maioria dos brasileiros.
Coletiva
Também na quinta-feira, às 17h, a direção do Sindicato concede coletiva para jornalistas da imprensa internacional e de entidades parceiras para denunciar os casos de violência contra profissionais brasileiros que cresceu em 2015, mas não são pautados pela mídia tradicional brasileira.
Manifesto
Reproduzimos abaixo o Manifesto em Defesa da Democracia e do Direitos Sociais, lançado pela direção do Sindicato e que já conta com mais de 1.700 assinaturas de jornalistas de São Paulo e de todo o país:
“Nós, jornalistas brasileiros abaixo-assinados, vimos nos manifestar à Nação em defesa da democracia e do Estado de Direito. Não é a primeira vez, na história republicana do Brasil, que os jornalistas são obrigados a se pronunciar pela salvaguarda das conquistas sociais, das políticas públicas e das garantias democráticas obtidas nas lutas travadas, desde os primórdios da nossa nacionalidade, pelos verdadeiros democratas e pela ampla maioria trabalhadora de nosso povo.
Três décadas após o fim do regime militar, nos vemos novamente sob a ameaça do autoritarismo. A cada dia, crescem os sinais de que está em curso um golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff, eleita de forma legítima e democrática, e que, a despeito de qualquer crítica que se faça a seu governo, não está ligada a nenhum fato que dê base legal a um pedido de impeachment.
No entanto, parlamentares que acumulam denúncias de corrupção, como Eduardo Cunha, e alguns dos principais partidos políticos do país já contabilizam votos no Congresso Nacional com esse intuito e negociam abertamente um futuro governo, num clima de golpismo institucionalizado. Em nome do combate à corrupção, a Operação Lava Jato atropela garantias constitucionais duramente conquistadas, como a neutralidade do Judiciário, o direito ao devido processo legal e a presunção de inocência.
A hostilidade crescente nas redes sociais extravasa para as ruas, e o convívio plural e civilizado no espaço público, que em tempos recentes havia avançado bastante, já se turva. Queremos romper esta teia de ódio! Lembramos que o combate à corrupção também apareceu como pretexto para o golpe de 1964. A memória nacional não pode ser tão curta.
Repudiamos a corrupção e exigimos a punição de corruptos e corruptores, mas sempre com respeito às regras do Estado Democrático de Direito. Não aceitamos o retrocesso. Para nós, a democracia é um valor supremo, irmão da soberania popular. Defendemos os direitos sociais – o patrimônio público, as reservas de petróleo do pré-sal, as empresas estatais, os direitos trabalhistas, os avanços contra o racismo e o machismo, a redução da miséria e da desigualdade – ameaçados pelos adversários da democracia, muitos dos quais são notórios corruptos.
Como jornalistas profissionais, denunciamos o papel nefasto que as grandes empresas de comunicação têm desempenhado na presente crise. Beneficiadas pela falta de regulamentação do artigo 220 da Constituição, que proíbe os monopólios no setor, utilizam sua posição no controle da mídia como ponta-de-lança na ofensiva política contra o governo federal, em defesa dos interesses econômicos das elites nacionais e estrangeiras e dos partidos políticos que as representam.
Essas empresas transformam seus veículos noticiosos em alto-falantes para que fontes ocultas no aparelho de Estado alardeiem vazamentos seletivos de informação, visando a destruir reputações e a soterrar o direito de defesa. Quando criticadas, usam como escudo a liberdade de imprensa, mas negam a seus jornalistas – trabalhadores assalariados – a cláusula de consciência, que permitiria a cada qual se recusar a agir contra a ética e em defesa da rigorosa apuração jornalística e da verdade dos fatos.
Assim, multiplicam-se casos de profissionais assediados por determinações superiores e obrigados a se subordinar a orientações com as quais não concordam para manter seu sustento. Não podemos nos conformar com o clima de intimidação reinante em diversas redações. Trabalhamos pela pluralidade na mídia impressa, falada, televisada e na internet, por um jornalismo ético e de qualidade, pelo respeito ao direito social à informação e ao operário da notícia, o jornalista.
Neste momento tormentoso, vamos nos manter a todo custo nas trincheiras da luta democrática e social. Queremos ao nosso lado todas e todos os que mantêm apreço pela democracia e pelos avanços que apontam para um Brasil mais justo, mais desenvolvido, mais independente e mais soberano.
Vamos nos somar, nas ruas, aos que se opõem ao impeachment e a outros meios ilegítimos com os quais pretendem derrubar o governo que resultou de eleições legítimas.
Não vamos deixar que nos calem. Não ao golpe! Viva a democracia!”
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