A ADunicamp esteve presente e deu apoio à realização da VII Jornada de Agroecologia da Bahia, que ocorreu entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro. A Jornada é organizada pela Teia dos Povos, com apoio do Fórum Popular da Natureza, entidade também apoiada pela ADunicamp juntamente com a FundaçãoRosa Luxemburgo.
Mais de duas mil pessoas participaram do encontro, entre elas, lideranças e militâncias de diferentes organizações e movimentos sociais de várias regiões do Brasil. Além de tratar de questões socioambientais, o foco da Jornada foi também as lutas em defesa dos territórios indígenas e quilombolas e dos assentamentos de pequenos agricultores do país.
O encontro ocorreu no Quilombo Conceição de Salinas, território de pescadores e pescadoras no município de Salinas da Margarida, às margens da Baía de Todos os Santos. A escolha não foi casual. “Apesar da resolução de Tombamento da área, como acontece em vários territórios quilombolas, aquela comunidade vive sob ataque da especulação imobiliária, apoiada pela administração municipal. O encontro desta magnitude, que reuniu mais de 2.000 pessoas em cinco dias, dá visibilidade e fortalece a resistência dos quilombolas”, avalia a diretora de Comunicação da ADunicamp, professora Regina Célia da Silva (CEL/Unicamp), que representou a entidade no encontro.
A professora Regina ressalta a importância da atuação da Teia dos Povos na composição dos movimentos socioambientais das mais diversas regiões do Brasil. “A Teia é composta por territórios organizados, por organizações políticas e pessoas desterritorializadas. Os territórios organizados são os núcleos de base e é deles que deve surgir a diretriz de ação, pois é de onde emerge a organização. Os coletivos, organizações e pessoas desterritorizalizadas são chamados de Elos da Teia, pois são conectores que se ligam aos Núcleos de Base. Há também os parceiros em geral sindicatos, universidades e partidos políticos, mas que não devem dirigir os movimentos da Teia”, relata.
A professora aponta que a organização une hoje os povos originários, movimentos populares, como a União Nacional por Moradia, os sem-teto, quebradeiras de coco, geraizeiros, caatingueiros, marisqueiras, pescadeores artesanais entre outros, “cujas reivindicações não entraram na pauta de partidos ou gestões ditas progressistas”.
FÓRUM POPULAR
A ADunicamp participou da VII Jornada, lembra Regina, como uma das entidades fundadoras e hoje parte da coordenação nacional do Fórum Popular da Natureza. Para ela, a participação na Jornada também é um marco na decisão da atual gestão da associação, que elegeu como lema a “ADunicamp sempre viva”, e que tem como um de suas metas “cuidar do meio ambiente e das pessoas”.
“O Fórum é, ao mesmo tempo, um movimento e uma articulação composta por diversas pessoas, coletivos, organizações, povos e movimentos sociais, que, de forma democrática e horizontal, buscam formar uma ampla resistência à destruição planetária e construir alternativas econômicas, sociais e culturais a partir de conhecimentos científicos, de saberes populares e de experiências vividas nos diferentes territórios, promovendo o direito à vida, os direitos humanos, não-humanos e os direitos da Natureza”, afirma, lembrando os princípios estabelecidos pela entidade.
A proposta essencial do Fórum é trazer a questão socioambiental e ecológica para a centralidade da luta política, “compreendendo que ela é transversal e capaz de dialogar e criar sinergia entre as diferentes pautas”.
PAPEL DA UNIVERSIDADE
A professora Regina avalia que a participação da universidade nesses debates que estão em curso na sociedade brasileira é essencial neste momento. Ela lembra que durante o encontro várias lideranças questionaram e mostraram clareza na compreensão de que o modelo atual apresentado pela academia “não é para elas”, ou seja, não contempla suas lutas e demandas.
“A participação em um evento como este nos faz refletir profundamente sobre o projeto de universidade que queremos construir e defender para atender as demandas de uma sociedade complexa, desigual, hierarquizada e violenta; atender as demandas desses povos e não apenas do mercado, de determinadas classes sociais e de um projeto social desenvolvimentista que leva ao exaurimento dos recursos do planeta e ao massacre de comunidades inteiras. A pergunta que fica para mim é: que respostas a universidade, em suas respectivas áreas, irá dar para proteger nosso Capital Humano e nossa Casa Comum?”, questiona ela.
ESPECIAL VII JORNADA DA AGROECOLOGIA DA BAHIA
Confira, abaixo, as matérias produzidas a partir da participação da ADunicamp na VII Jornada de Agroecologia da Bahia. O último item apresenta o relatório de participação produzido pela Profa. Regina Célia da Silva, docente do CE/Unicamp e diretora de imprensa da ADunicamp:
– Teia dos Povo e Fórum Popular da Natureza escrevem uma nova história na luta socioambiental
– Movimentos ampliam o debate da questão ambiental nas periferias urbanas
– PODCASTADU | #Ep32 | TEIA DOS POVOS E FPN – A VII JORNADA DE AGROECOLOGIA
– Relatório de participação -Profa. Regina Célia da Silva

Na foto: Professora Regina Célia da Silva (de azul, ao centro, no lado esquerdo), diretora da ADunicamp e docente no CEL/Unicamp; Ajurimar Bentes de Oliveira (ao fundo, no lado esquerdo), liderança do Movimento Sem Teto de Salvador; Cláudia Suzart (à frente, no lado esquerdo), integrante do Movimento União Nacional por Moradia, da comunidade do Cabula, em Salvador; Elisa Nascimento (a direita, no fundo), paisagista, ativista da comunidade Mata Santa Esmeralda e fundadora do núcleo do FPN de São Paulo; e voluntária do assentamento Terra à Vista, núcleo organizador da Teia dos Povos na Bahia.
Ajurimar bentds
Adunicamp na pessoa da prfa Regina participou mutuamente com nós povos tradicionais com orientação apoio solidário no diálogo sócio ambiental Gratidão