Vice-reitoráveis com debatem com comunidade acadêmica propostas de gestão da Unicamp


O/as candidatos/as a vice nas três chapas que disputam a Reitoria da Unicamp apresentaram suas propostas e análises sobre o futuro da Universidade durante debate virtual realizado nesta quarta-feira, 24 de fevereiro, promovido pela Adunicamp em parceria com o STU, DCE e APG. Participaram as professoras doutoras Luiza (FCM) e Eliana Amaral (FCM) e o professor doutor Zezzi, respectivamente candidatos nas chapas dos reitoráveis Tom Zé(FEA), Sérgio Salles (IG) e Mário Saad (FCM).
O debate, transmitido ao vivo, chegou a ser acompanhado por mais de 300 pessoas, e já está disponibilizado na internet no endereço https://www.youtube.com/ADunicamp. Ele seguiu a mesma linha do debate ocorrido na segunda-feira, 22, com os candidatos a cargo de reitor, e foi dividido em quatro blocos: o primeiro de apresentação do/as vice-reitoráveis, o segundo de perguntas formuladas pelas entidades organizadoras, o terceiro de questões encaminhadas pelo público ligado às entidades e, por fim, o quarto bloco abriu espaço para as considerações finais dos/as debatedores/as.
A professora doutora Sílvia Gatti (IB), presidente da ADunicamp e mediadora do debate, lembrou no início do encontro que o/a vice-reitor/a assume um cargo de grande importância e responsabilidade na Universidade, o de Coordenador/a Geral da Unicamp, no comando da CGU (Coordenadoria Geral da Unicamp).
A abrangência da CGU, apontou a professora, é ampla e, como afirma o seu estatuto, deve contribuir com a Reitoria na “conciliação e aproximação das ações coordenadas pelas Pró-Reitorias visando o cumprimento dos objetivos específicos da administração, das unidades de ensino e pesquisa e dos órgãos, para que respondam às perspectivas e necessidades da sociedade”. “Logo, ser o Coordenador/a Geral da Universidade, ou vice-reitor/a é de alta responsabilidade e de uma relevância sem igual”, afirmou Sílvia.
PRINCIPAIS QUESTÕES
Para nortear as apresentações no primeiro bloco, as entidades organizadoras propuseram um tema, elaborado em comum acordo por todas elas e previamente apresentado aos/as vice-reitoráveis um dia antes da realização do debate. O tema norteador, lido pela professora Sílvia foi o seguinte: “A CGU, órgão do qual pretendem estar à frente se eleitas/eleito, é um órgão central da Universidade, já que está presente em todos os espaços e decisões acadêmicas quer sejam administrativas, quer sejam aquelas relativas aos amplos aspectos dos recursos humanos. Frente a essa importância e realidade, como pretendem trazer a comunidade acadêmica e suas reivindicações para mais próximas da CGU?”
No segundo bloco, cada entidade formulou uma mesma pergunta para ser respondida por todos/as os/as vice-reitoráveis. A ADunicamp questionou sobre os riscos que novas normas de trabalho produzidos pelo sistema econômico atual, que isolam e atomizam as pessoas, podem trazer para a Universidade. Para a ADunicamp, essa tendência hipertrofia a competição em detrimento da cooperação, o que pode ser muito prejudicial ao mundo acadêmico.
O STU apontou a desvalorização da carreira de trabalhadores/as pela gestão da Universidade, a permanente pressão por resultados e a falta de planejamento para a reposição de cargos, entre outras questões. E pediu uma resposta para o que chamou “pedido de socorro” dos/as trabalhadores/as.
A APG tratou das terceirizações, da precarização do trabalho e falta de diálogo com trabalhadores terceirizados na Universidade, e questionou sobre a interferência da iniciativa privada nas pesquisas, a partir de convênios com empresas.
O DCE, por fim, indagou sobre alternativas de financiamento da Universidade diante da crise, sobre critérios para as bolsas SAE e propostas de reforma e ampliação da moradia estudantil. (Leia, abaixo, a integra das perguntas formuladas pelas entidades)
 PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO
A participação do público, no terceiro bloco, foi garantida a partir de um sorteio prévio que selecionou perguntas de três integrantes de cada uma das categorias ligadas às entidades organizadoras.
Cada pergunta, das três sorteadas pelas entidades, foi feita a um dos candidatos, também previamente sorteado. As pessoas interessadas em formular as perguntas fizeram o encaminhamento delas de forma virtual, por meio de formulário disponibilizado nas redes sociais das entidades. O sorteio das perguntas foi realizado na manhã do dia do debate, em encontro realizado também de forma virtual e aberto à participação de toda a comunidade acadêmica.
Os/as vice-reitoráveis responderam às mesmas perguntas formuladas por cada uma das categorias. Elas abordaram uma grande variedade de temas, desde propostas para ampliar a comunicação da Universidade com a sociedade, o emprego na Tecnologia da Informação no mundo acadêmico, ataques às universidades e serviços públicos, questão de patentes das pesquisas desenvolvidas na Unicamp, até questões geradas no contexto da pandemia, como ensino híbrido, isolamento e saúde mental, entre outras.
A consulta à comunidade da Unicamp para a sucessão do reitor terá o seu primeiro turno nos dias 10 e 11 de março e, caso seja necessário um segundo turno, ocorrerá nos dias 24 e 25 do mesmo mês.
ÍNTEGRA DAS PERGUNTAS FORMULADAS PELAS ENTIDADES
 ADUNICAMP:
“A construção do conhecimento, da pesquisa e do ensino, é uma atividade fortemente cooperativa. No entanto, existe uma tendência, produzida até mesmo pelo modelo econômico atual, de isolar e atomizar as pessoas, em busca de metas e parâmetros definidos arbitrariamente, como se fossem todos ‘empresários de si mesmos’. Entendemos que dentro da Universidade esta dinâmica pode hipertrofiar a competição, em detrimento da cooperação. Também, ela leva a fragmentações desnecessárias do conhecimento, à desvalorização de projetos interdisciplinares e a danos à saúde mental. Como candidatas e candidato a vice-reitora e vice-reitor da Unicamp, como veem esta temática na relação com os sistemas de gestão, avaliação e critérios para a alocação de recursos”?
STU
“A CGU, braço direito da administração da universidade, focou nos resultados, o que para o trabalhador técnico administrativo significou desvalorização na carreira e total abandono pela gestão de recursos humanos da Universidade. Não há planejamento visando a reposição do quadro de trabalhadores, perdas econômicas e cortes de benefícios. A pressão por resultados tem acarretado em aumento de adoecimento físico e psicológico dos trabalhadores que ainda, enfrentam a ausência de acolhimento. Não são raros os casos de suicídio após o turno de trabalho, principalmente na área da saúde. Na pandemia, o que era ruim ficou pior e as falhas da gestão foram evidenciadas. Precisamos obviamente de uma reformulação das tratativas do DGRH, DSO, DSTr e revisão dos processos de apuração de assédios frente à TAC do STU com o MP. Nenhum hospital é modelo e a discussão da autarquização na saúde é preocupante. Diante disso, quais são as suas propostas em resposta aos pedidos de socorro dos trabalhadores”?
DCE
“Quais alternativas de financiamento da Universidade a próxima gestão pretende apresentar? Tendo em vista a crise que se agravou na pandemia, sofremos no último ano com a ameaça a permanência estudantil. Como irão se dar os trabalhos de debate dos critérios de bolsas SAE? A moradia tem algum plano de ser reformada e ampliada”?
APG
“O Conselho Curador da Funcamp é presidido pela Coordenadora ou Coordenador Geral da Universidade. Em tempos de crise orçamentária, preocupa-nos a interferência que empresas privadas podem ter na pesquisa, bem como a precarização do trabalho com as terceirizações. A falta de diálogo com a comunidade também eleva as tensões; por exemplo, em 2019 as entidades pediram explicações sobre o caso do trabalhador cipeiro Sidney, demitido após denunciar na histórica assembleia extraordinária as situações pelas quais terceirizadas e terceirizados estavam passando. Além de não ter respostas, em uma manifestação na Funcamp a polícia chegou a ser acionada. Nesse sentido: como você enxerga as parcerias de empresas privadas com a universidade pública através de convênios ligados à pesquisa? Como a universidade pode buscar melhorar as condições de trabalho de terceirizadas e terceirizados, ampliar o diálogo com as entidades e as discussões com a comunidade universitária sobre a precarização do trabalho”?


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