Sem Anistia aos golpistas! Basta de Impunidades!


Na história republicana brasileira, ocorreram sucessivas tentativas de golpe contra as instituições liberais democráticas. Em 1964, um golpe de Estado foi vitorioso. Durante quase 21 anos, a economia, a educação, a cultura e o meio ambiente do país sofreram danos irreparáveis; nesse período ditatorial, sucederam-se frequentes violações dos direitos humanos (torturas, prisões, desaparecimentos e mortes) e ocorreu um sistemático cerceamento das liberdades individuais e democráticas.
Anistia concedida pelo governo do ditador João Figueiredo, em 1979, não puniu os “crimes da ditadura”, pois beneficiou todos os civis e militares envolvidos na repressão, em casos de tortura, desaparecimentos, expurgos e mortes; igualmente, não puniu os responsáveis pela censura à imprensa, perseguição aos movimentos sindical e estudantil e edição dos atos discricionários que criminalizaram os partidos políticos e institucionalizaram as sistemáticas violações cometidas contra a democracia política.
Sem terem sido julgados e devidamente punidos, ao contrário do que ocorreu em outros países da América do Sul, muitos desses agentes civis e militares, responsáveis pelo terrorismo de Estado do regime de 1964, voltaram à cena política e foram integrados aos altos escalões do executivo federal.
Nestas duas últimas semanas, o país teve conhecimento de novos Relatórios da Polícia Federal que comprovam o ostensivo envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no sentido de deslegitimar as instituições democráticas; após sua derrota eleitoral de 2022, com o apoio de assessores militares imediatos, suas tentativas de permanecer no poder se intensificaram.
Fundado em evidências robustas e irretorquíveis, o Relatório Final da Polícia Federal (N° 4546344/2024. 2023.0050897-CGCINT/DIP/PF), de 21/11/2024, conclui que um “golpe de Estado estava sendo planejado, por meio da abolição violenta do Estado Democrático de Direito“.
Ao adiar para 2025 a denúncia contra o ex-presidente e mais 36 pessoas indiciadas por tentativa de golpe de Estado, a Procuradoria Geral de República (PGR) concederá um extenso espaço ao diversionismo golpista do bolsonarismo e seus aliados políticos. A rigor, iniciativas da direita já se manifestam na Câmara Federal; até dias atrás, uma proposta de anistia aos envolvidos na malograda ação golpista de 8 de janeiro de 2023 foi ali cogitada.
A comunidade acadêmica da Unicamp está atenta e preocupada com a atual conjuntura política do país.
A memória da Lei de Anistia de 1979, imposta pelos militares ao país, nos obriga a denunciar todas as propostas de “conciliação nacional” ou acordão entre as instituições políticas. Estas propostas são falaciosas, fraudulentas e ofensivas ao povo brasileiro. Devem ser energicamente repudiadas por todos os setores democráticos do país, pois visam, objetivamente, impedir que o devido processo legal siga adiante no PGR e no STF e, ao final, os réus condenados sejam rigorosamente punidos.
Por meio deste abaixo-assinado, a comunidade acadêmica da Unicamp – estudantes, docentes (ativos e aposentados), pesquisadores e servidores técnico-administrativos – de forma veemente, se manifesta Contra a Anistia a militares e civis que, comprovadamente, atentaram contra a democracia política conquistada, a duras penas, graças à luta de mulheres e homens no passado recente.
Sem Anistia aos golpistas! Basta de Impunidades!
Nota: apoio ao abaixo-assinado pode ser dado por meio do linkhttps://forms.gle/4HztuM8NzqyMsy6p9

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Divulgação realizada por solicitação do Professor Caio N. de Toledo (IFCH), na condição de sindicalizado à ADunicamp. As opiniões expressas nos textos assinados são de total responsabilidade do(a)s autore(a)s e não refletem necessariamente a posição oficial da ADunicamp, nem de qualquer uma de suas instâncias (Assembleia Geral, Conselho de Representantes e Diretoria).

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