Tire as mãos da Santa Elisa!


Por Profa.Regina Célia da Silva* (CEL/Unicamp)

O negacionismo do Governador em relação à ciência e à emergência climática é desastroso. Inclusive para a economia. Será que seus apoiadores de primeira hora têm noção disso?

 Tarcísio irá saquear o mais importante centro de pesquisa do café do País.

O Brasil é o maior produtor mundial do grão. Em 2022, exportou para 145 países cerca de 2,2 milhões de toneladas, o equivalente a 39,4 milhões de sacas de café.

Tamanho sucesso econômico e prestígio não são fruto do acaso, mas de um intenso trabalho realizado ao longo de vários anos por pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), na Fazenda Santa Elisa, onde desde 1932 foram desenvolvidas variedades que são responsáveis hoje por 90% do café cultivado no Brasil.

A Fazenda Santa Elisa do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) possui um banco de germoplasma que reúne atualmente cerca de 5 mil “acessos”, ou seja, os diferentes tipos de café, muitos deles raros e em extinção. Ela é, portanto, a salvaguarda para a cafeicultura brasileira.

As pesquisas altamente qualificadas realizadas na Santa Elisa melhoram a genética do café, através do desenvolvimento de plantas mais resistentes a pragas, a mudanças climáticas e com melhor produtividade. A novidade mais recente inclusive é o café sem cafeína produzido naturalmente após 20 anos de pesquisa.

O Herbário IAC tem uma importância histórica abrigando cerca de 60.000 espécimes, de mais de 12.000 espécies, um tesouro de conhecimento botânico. A Sementeca do IAC possui cerca de 70 mil amostras de sementes de plantas de inúmeras espécies, coletadas desde 1930. É um centro de referência mundial em informação ambiental.

Tarcísio em sua sanha privatista nega a emergência climática

A Fazenda Santa Elisa ocupa 692 hectares em área urbana, o equivalente a 989 campos de futebol. Constitui uma reserva preciosa que por si só deveria permanecer intocada para salvaguardar minimamente a qualidade do ar em uma cidade devastada pela especulação imobiliária, que avança sob as bênçãos da prefeitura sobre áreas de proteção.

Em situação de emergência climática, um governo negacionista se desfaz de uma área verde para favorecer interesses privados; dá sinal verde para “passar a boiada” em uma ação que terá um impacto devastador sobre o microclima de Campinas e consequentemente sobre a saúde e a segurança ambiental da sua população.

A Fazenda Santa Elisa é uma reserva de área verde em uma cidade sufocada por emissões de CO2 decorrentes sobretudo de sua frota de carros, que em 2023 atingiu a relação alarmante de um carro por habitante.

A ousadia de realizar um ataque tão voraz ao patrimônio público se deve à famigerada  lei de concessões nº 16.388, de 2016, que dá plenos poderes ao governo para alienar áreas inferiores a 50 alqueires sem necessitar de autorização da Assembleia Legislativa.

A justificativa falaciosa é de que as áreas do Instituto Agronômico estão ociosas e oneram o Estado. No entanto, Tarcísio apenas segue o script monotemático de sucatear bens e serviços públicos para justificar privatizações e terceirizações.

Não podemos ficar indiferentes diante de um governo que destrói o patrimônio público científico e nega a emergência climática. 

Participe da 3ª Edição do APTA Portas Abertas e conheça o IAC

 Dia 16 de outubro foi o Dia Nacional da Ciência e Tecnologia e, por ocasião da data, ocorre a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, com atividades em todo país.

Para celebrar as contribuições da ciência, a APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, que coordena as atividades de pesquisa científica em agricultura no Estado de São Paulo, realizará, nos dias 18 e 19 de outubro, a 3ª edição do “APTA Portas Abertas”. Nesse evento, o IAC de Campinas-SP e mais 6 Instituições de Pesquisas da APTA se prepararam para receber a população em suas unidades, para que todos possam conhecer como são desenvolvidas as tecnologias que levam mais e melhores alimentos e matérias-primas para toda a população.

No IAC a população em geral terá acesso à exposições de pesquisas e equipamentos., amostra de produtos cultivados pelo Instituto, exposição de grãos e sementes desenvolvidas pelo IAC e conhecer como é realizada a chamada irrigação inteligente.

O IAC recebe a população neste dia 18 de outubro e no dia 19 de outubro também, sempre das 9h às 17h. Veja a programação completa em: https://www.instagram.com/p/DBPKf6LyN-G/?img_index=1

*Regina Célia da Silva ensina língua italiana no Centro de Ensino de Línguas (CEL) da Unicamp. Traduziu pela Editora Ubu: Revolução das Plantas, A planta do Mundo, A Incrível Viagem das Plantas e Nação das Plantas, do neurobiologista Stefano Mancuso. É Diretora da ADunicamp e representa a entidade no COMDEMA de Campinas/SP.

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Divulgação realizada por solicitação da professora Regina Célia da Silva (CEL), na condição de sindicalizada à ADunicamp. As opiniões expressas nos textos assinados são de total responsabilidade do(a)s autore(a)s e não refletem necessariamente a posição oficial da ADunicamp, nem de qualquer uma de suas instâncias (Assembleia Geral, Conselho de Representantes e Diretoria).


4 Comentários

Zuleica Rodrigues Nunes

TIRE AS MÃOS DA FAZENDA SANTA ELIZA.

MARA C P MORAES

Por favor, onde Voto? Obrigada

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA

Prezados/as, essas insanidades de nossas/os gestores/as de que o Estado, tem que ser minino, demostra o total desrespeito com a sociedade, lógico numa dimensão masoquista, maniqueísta e insana para contrariar e contrapor a outro modelo mais dialogado e democrático de respeito. Haja paciência

CLAUDIA MARIA RESENDE ESMERIZ Gusmão

As ONGs de Campinas querem solidariezar-se e fazer parte deste movimento

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