A cerimônia de entrega dos três projetos premiados em 2023 pela segunda edição do Prêmio Reconhecimento ADunicamp Prof. Mohamed Habib foi realizada no mesmo dia em que a entidade comemorou 46 anos de existência, 12 de maio.
Foram premiados, neste ano, os projetos “Olimpíada Nacional em História do Brasil”, na categoria Educação, justiça social e justiça ambiental; e “Estética da resistência: a Tetralogia Afro-Campineira e seus desdobramentos”, na categoria Arte, engajamento social e político. O Prêmio de Menção Honrosa foi concedido ao “Projeto Escola 4.0”, inscrito na categoria Educação, justiça social e justiça ambiental.
A professora Luciane Guerra (FOP), responsável pela coordenação da Comissão que analisou e decidiu pelas premiações, relatou que a escolha das três premiações foi “muito difícil”, nesta segunda edição.
“Tivemos a grata surpresa de receber 11 projetos para a escolha da Comissão, todos eles com altíssima qualidade. Considerando os tempos bicudos que ainda estamos vivendo, termos recebido 11 projetos com essa alta qualidade, mostra que a nossa instituição, como outras, mesmo com todos os ataques que recebeu nos últimos anos, não se intimidou e não perdeu o foco principal. E o nosso foco principal são as pessoas. Então posso dizer que os 11 projetos que recebemos realmente nos representam”, afirmou ela.
Além da professora Luciane, integraram a Comissão de avaliação dos projetos as professoras Francisca Pini (Unifesp) e Laís Fraga (FCA); e o professor André Schwambach Vieira (IB).
“O Prêmio de Reconhecimento tem uma rara e nobre missão que é de reconhecer projetos e pessoas que tenham tido uma ação para a sociedade, para a comunidade, e que estejam além das nossas ações acadêmicas, que já desenvolvemos cotidianamente. Projetos e pessoas que tenham o foco no coletivo, com essas ações que são raras e nobres”, avaliou a professora Luciane.
PREMIADOS
A professora Cristina Meneguello, coordenadora do projeto “Olimpíada Nacional em História do Brasil”, e que recebeu a premiação em nome de sua equipe, lembrou que o projeto já tem 15 anos de existência e hoje envolve milhares de estudantes em todo o Brasil.
A Olimpíada é um projeto de extensão em educação básica e ensino de história, e também uma proposta de divulgação científica em ciências humanas voltada a públicos mais amplos. Em sua última edição, contou com a participação de mais de 72 mil pessoas, de todos os estados do país, alunos de oitavo e nono anos e de ensino médio, e dos professores de história de seus colégios. Desde o seu início, já teve a participação de mais de 122 mil pessoas.
“É um projeto coletivo, do qual participam equipes com professores para formação e coordenação. No final, vêm para a Unicamp 1.200 participantes, com prova presencial que finaliza com a entrega de medalhas”, descreveu.
A professora relatou que, devido aos fortes ataques desfechados contra a educação e a ciência no governo passado, a Olimpíada perdeu apoios em várias regiões do país. “Colégios militares foram simplesmente proibidos de participar. Em Recife, onde houve participação apesar da proibição, os colégios foram até punidos. E olha que, antes, eles até participavam e obtiveram muitas medalhas.”
O professor Gilberto Alexandre Sobrinho (IA), que recebeu a premiação pelo projeto “Estética da resistência: a Tetralogia Afro-Campineira e seus desdobramentos”, lembrou que o projeto nasceu dentro do restaurante da ADunicamp, em 2013. Ele havia sido convidado pela colega Gracia Maria Navarro (IA) para fazer um documentário sobre um funcionário da Unicamp que acabara de se aposentar, o Mestre Jaça, com forte ancoragem na cultura negra em Campinas, e sobre o qual ela estava desenvolvendo uma peça teatral.
“Aí comecei a conviver com as comunidades, junto com o Mestre Jaça, e conheci um campo cultural muito forte, uma infinidade de práticas culturais, artísticas e também religiosas. Então comecei a documentar essas histórias, junto com meus alunos, minha equipe e com as comunidades que nos acolheram. Os estudantes passaram além dessa convivência imediata, começaram a filmar Campinas, a cultura afro em Campinas. A gente sempre acha que a cultura afro está em Recife ou Salvador. Mas tem uma riqueza imensa aqui ao nosso lado”, descreveu Gilberto. Desses documentários, disponibilizados na internet, foi criado o projeto vencedor do prêmio.
O idealizador e coordenador do projeto que recebeu a Menção Honrosa pelo “Projeto Escola 4.0”, professor Fabiano Fruett (FEEC) não pôde comparecer à cerimônia e foi substituído por seu colega Mateus Giesbrecht, da mesma Unidade, e que também atua no projeto premiado.
Na mensagem enviada para agradecer à premiação e comunicar sua impossibilidade de comparecimento, o professor Fabiano estendeu o mérito do prêmio a um conjunto de colegas de departamento e também de extensão da FEEC, além de alunos, que integram a equipe que realiza o projeto. Ele lembrou também que o projeto “nasceu durante uma boa prosa de cafezinho em 2019”, envolvendo além dele os professores Yaro Burian e Cesar Pagan.
O projeto consiste no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos básicos e de baixo custo, ao contrário dos caríssimos kits importados, para serem utilizados em escolas de ensino médio e fundamental, permitindo que estudantes tenham aulas práticas de eletrônica já nessas etapas do aprendizado.
O projeto também instrui professores interessados em aplicar a matéria. “Hoje, equipamentos como placas eletrônicas desenvolvidas pelo próprio professor Fabiano já estão espalhadas por milhares de pessoas de todo o Brasil”, relatou Mateus.
46 ANOS
A presidenta da ADunicamp, professora Sílvia Gatti (IB), que coordenou a cerimônia, atribuiu um significado especial ao fato da entrega do prêmio, neste ano, ter coincidido com a data da comemoração dos 46 anos da entidade.
“Falar de 46 anos da ADunicamp é muito complexo. Temos períodos de muito trabalho, muitas conquistas, muitos esforços. E muitas vezes tivemos e temos que aguardar que as coisas que aconteçam. Muitas vezes com paciência, muitas vezes com sabedoria”, historiou, após fazer um relato das lutas que estão hoje em curso, em plena Data-base/2023, ao lado das demais entidades do Fórum das Seis.
A professora também falou sobre as novas exigências e propostas que a ADunicamp coloca em curso nos dias atuais. “A pandemia mudou a nossa relação com a sociedade e com o ambiente. Quem não percebeu isso está fora do seu tempo. Diante disso, eu conclamo que todos nós docentes voltemos e estejamos novamente presentes na Universidade. E a ADunicamp se abriu muito, ampliamos muito nossas atividades, por um retorno efetivo na Universidade. E esta premiação agora, por sua importância, tem um significado muito especial diante do momento em que vivemos.”
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